Somos uma sociedade carente de Comunicação Afetiva. Mas o que realmente é isso? É a comunicação do coração para o coração. Comunicação que vai além de palavras monossilábicas, frases cotidianas ou jargões surrados.
Comunicação relacional tem a ver com sentimentos, é regada de empatia e é inerente da afeição. Qual foi a última vez que alguém lhe perguntou: O que lhe fez sorrir hoje? Qual a melhor coisa que lhe aconteceu nesta semana? Por que seu olhar está distante hoje? Posso orar com você?
Qual foi a última vez que você teve a liberdade de conversar com as janelas da alma abertas? Na realidade, confundimos informação com comunicação. É profunda e verdadeira a observação de N. Baitello Junior:
“A informação fazia muito sentido para as engenharias da comunicação, nos anos de 1930 e 1940, para gerar conectividade. Mas conectividade não é comunicação. Estar conectado não significa estar comunicando, mas sim ter a possibilidade de uma comunicação, mas essa possibilidade é apenas a ponte vazia. […] Há um longo caminho entre conexão e comunicação. O nosso planeta, hoje, está literalmente conectado, o que está muito distante de dizer que estamos nos comunicando”.
Na Modernidade Líquida temos a nítida ideia de que, com a velocidade da informação, potencializamos a comunicação e com isso mantemos os relacionamentos saudáveis.
Ledo engano, pois realmente pensamos que atingimos nosso ápice em comunicação quando nos asseguramos de que temos uma gama de recursos tecnológicos que de pronto nos coloca em contato com qualquer pessoa, em qualquer lugar do planeta, em qualquer horário, sem muita dificuldade. Não obstante a informação, os corações estão cada vez mais distantes e frios. Lembro-me dos tempos que, para uma chamada interurbana, girávamos aquele disco ruidoso do telefone, chamávamos a telefonista e encomendávamos a ligação. Cerca de três minutos depois, com muita dificuldade, som distante, chiados, entrávamos em contato com o querido parente a trezentos quilômetros de distância.
Eram os ritos da comunicação, que na verdade faziam valer muitíssimo cada minuto, cada palavra e cada som daqueles poucos e dispendiosos minutos. A gente colava o ouvido junto com o ouvido do pai naquele gancho para tentarmos ouvir as vozes dos tios distantes que nos traziam à memória abraços, mimos e festinhas de Natal.
Hoje a comunicação é rápida, veloz e funcional. Em tempo real conversamos, estamos ligados com qualquer pessoa em qualquer parte do planeta. A velocidade dos meios de comunicação nos possibilita o conhecimento das notícias quase que no mesmo instante em que os fatos estão ocorrendo. Tem até um noticiário na Internet chamado “Último Segundo”!
Os testes indicaram que grandes volumes de dados agora já podem trafegar pelas fibras ópticas com uma velocidade equivalente a 99,7% da velocidade da luz no vácuo. Acostumamo-nos com a comunicação extremamente veloz e absolutamente eficaz; mas seca de afeto, sem cabeças coladas no gancho do velho telefone, sem ouvidos ansiosos e sem sorrisos espontâneos.
Acostumamo-nos a utilizar a comunicação como bem de consumo e não subserviente dos relacionamentos. Você sabe quantos anos cada mídia levou para conquistar cinquenta milhões de usuários? A Revista SuperInteressante aponta que o telefone foi setenta anos, o rádio trinta e oito, a televisão treze e a internet apenas cinco.
A informação tornou-se a moeda de compra para o sucesso e para o bem estar, mas não preencheu o vazio dos relacionamentos. Pelo contrário, parece que a relação “Informação & Comunicação” disparou pela curva inversamente proporcional.
A cada década aumenta o índice de divórcios, a cada década estamos mais solitários e menos humanos. Sendo assim, vamos investir em mais conversas pessoais, olho no olho, passeios com os filhos, visita a amigos e abraços apertados nos parentes. Que Deus abençoe nossos relacionamentos!
 
Marcos Kopeska é bacharel em Teologia (UMESP), pós graduando em Terapia Familiar Sistêmica (INDEP), pastor da 3ª Igreja Presbiteriana Independente de Marília e escritor.

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