Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

Mais de dois anos após o início da pandemia de covid-19, cientistas do mundo todo ainda tentam descobrir e explicar quais são as causas da chamada covid longa – casos em que os pacientes infectados pelo SARS-CoV-2 continuam com sintomas persistentes durante meses após já terem se recuperado da doença.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 10% a 20% das pessoas infectadas tenham sintomas a longo prazo e alerta que isso pode acontecer com qualquer pessoa, mesmo quem teve casos leves — embora seja mais comum entre aqueles que tiveram a forma grave da doença.
De acordo com o médico infectologista Moacyr Silva Junior, do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e da UTI do Hospital Israelita Albert Einstein, apesar de existirem vários estudos em andamento sobre a covid longa, ainda não há respostas definitivas para explicar exatamente o que a causa. Na covid longa, segundo o especialista, os sintomas debilitantes costumam persistir por mais de quatro semanas após o diagnóstico e não há um tempo médio de duração, variando muito de caso a caso.
“A covid longa afeta vários sistemas do organismo. Os principais sintomas são alterações pulmonares [dificuldades respiratórias]; fadiga crônica e alterações cognitivas, como problemas de memória mais detalhada e associações de lógica, que podem durar meses”, afirma o médico. Outros sintomas comuns são a perda de olfato e/ou paladar por tempo prolongado. “Há casos de pessoas que se contaminaram e, até o momento, não conseguiram recuperar esses sentidos”, diz.
Ainda segundo o especialista, geralmente a condição ocorre em pacientes mais idosos, com diabetes tipo 1 ou 2, e atinge mais mulheres e pessoas que tiveram caso graves de covid-19, que precisaram de internação em UTI. O problema não se manifesta da mesma forma em todos – por isso a dificuldade em explicar por que acontece em algumas pessoas e em outras não.

Vacinação protege?
Ainda não há dados que determinem que a vacinação protege contra casos de covid longa. Mas, segundo o especialista, a experiência e observação dos médicos mostram que as vacinas podem, sim, diminuir o risco de os pacientes terem o problema após uma infecção pelo coronavírus.
Isso porque já está comprovado que a vacinação protege contra casos mais graves da covid-19 – e são justamente esses pacientes que estão em maior risco da forma prolongada da doença.

Tratamento
O infectologista ressalta que não há um tratamento específico para covid longa, já que cada paciente a manifesta de uma forma. A recomendação é procurar um médico especialista, caso os sintomas persistam após o fim da infecção.
“Se a pessoa estiver com problemas de memória, deve procurar um neurologista, por exemplo. O tratamento hoje é paliativo e multidisciplinar”, finaliza.

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Covid longa: o que se sabe dos sintomas prolongados da doença?