A Prefeitura de Marília confirmou na manhã de ontem, dia 22 de junho, mais quatro mortes por Covid-19, chegando a 768 óbitos pela doença no município. Enquanto isso, o prefeito Daniel Alonso se lamenta, diz-se solidário às famílias das vítimas, mas não se convence de que há mais de um ano são necessários novos leitos para tratar as pessoas que necessitam de atendimento intensivo.
Seguindo por muito tempo o “fique em casa”, do governador Doria, através de lockdowns sem comprovação científica, hospitais de campanha construídos e desmontados, entre outros erros estratégicos do governador, como fazer o carnaval no ano passado, quando o mundo já sabia da doença e sua letalidade, entre outras.
No caso dos lockdowns, bem que o prefeito Daniel Alonso tentou suspender, mas foi derrotado na Justiça que, através do Supremo Tribunal Federal, dava e dá autonomia aos governadores apara decidirem o que fazer. Foi um grande erro, com corrupção por vários cantos do Brasil, sendo que governadores fizeram suas compras sem licitação e até hoje materiais não foram entregues.
É justamente o que a CPI do Circo no Senado, comandada por políticos dos mais suspeitos em corrupção no País, não quer investigar. E ainda com aval de ministro do STF que ajuda a impedir tal investigação. É o genocídio moral, judicial e humanitário sendo cometido de todas as formas e maneiras.
Mas no caso de Marília, Alonso chegou a mostrar o que pensa, quando falou que UTI de Covid não garante nada. Depois voltou atrás, quando seu posicionamento correu a cidade pelas redes sociais. E olha que ele bem sabe que quando enfartou e colocou stent, mesmo sem toda a gravidade de uma covid muito avançada, precisou de UTI.
O problema é a teimosia de Alonso, que não dá o braço a torcer de que deveria há mais de um ano ter se preocupado com mais leitos de UTI e até mesmo um pequeno hospital de campanha, como outros prefeitos fizeram. É uma decisão que infelizmente e não propositalmente, é claro, tem criado fila de até mais de 70 pessoas esperando uma vaga em UTI Covid e muitas morrendo na fila.
Como prefeito, deveria saber desde a primeira reunião que fez buscando montar um comitê de enfrentamento à pandemia, que a conta não fechava. A cidade possui 230 mil habitantes e o Hospital de Clínicas atende ainda uma região hoje superior a 1,2 milhão de pessoas. São quase 1,5 milhão de pessoas para apenas 87 UTIs SUS e 36 convênios ou particulares, num total de 123.
Segundo recomendações da OMS e do Ministério da Saúde, a relação ideal de leitos de UTI é de 150 a 450 leitos para 1,5 milhão de habitantes, numa situação normal. A já cidade estaria fora da média considerando o atendimento regional. Tirando as UTIs do HC que são regionais e abertas a 1,2 milhão de pessoas, os hospitais da cidade possuem hoje 78 vagas de UTIs Covid para 230 mil habitantes.
Numa situação normal, bastariam de 23 a 69 unidades. Mas como as internações pelo coronavírus duram em média de 14 a 21 dias e a rede está colapsada, formam as extensas filas e consequentes mortes. Sem falar que a cada dia são registradas dezenas a centenas de novos casos. Até ontem existiam 660 pessoas confirmadas e em fase de transmissão mais 2.504 aguardando resultado.
Além de montar um comitê para dividir sua responsabilidade, quando a notícia é ruim ele fala através da Secretaria da Saúde, como no final das notas de divulgação das mortes, como na de ontem: “A Secretaria Municipal da Saúde lamenta a perda de mais quatro vidas e se solidariza com os familiares, além de reforçar o alerta de cuidados com os idosos e portadores de doenças crônicas que, preferencialmente, devem ficar em casa durante esse período de pandemia”. Modus de político.
Mas nosso prefeito não entende e pelo jeito vamos ter que aguentar e esperar por uma mudança na cidade. Quem sabe quando os jovens tirarem seus títulos de eleitor e tivermos segundo turno. Aí começarão as alternâncias no poder central de Marília. Isso porque o povo sabe votar sim. É que em muitas vezes faltam opções.