“Eu tinha muita fraqueza e, depois de alguns dias, senti uma forte dor no peito”, conta a agente fiscal Joseaine Lamas, de 40 anos, sobre os incômodos antes de descobrir que estava com trombose. “Precisei realizar uma cirurgia vascular após ter inchaços na perna e segui à risca as orientações médicas para os cuidados pós-cirúrgicos. Porém, dias após, a começaram a aparecer estes sintomas e fui fazer exames. Os mais complexos diagnosticaram Trombose Venosa Profunda (TVP) e tromboembolismo pulmonar (TEP)”, relata.
A servidora pública é uma das 180 mil pessoas no Brasil atingidas anualmente pela doença, que causa um coágulo dentro de uma ou mais veias grandes das pernas e das coxas, dificultando o fluxo de sangue e causando inchaço e dor na região. Juliana Sander Suguita, cirurgiã vascular do Vera Cruz Hospital, explica que todo paciente que fica muito tempo parado após uma operação corre o risco de desenvolver a doença. “Na recuperação de algumas cirurgias como as vasculares, bariátrica, ortopédica e alguns tipos de cirurgia plástica, o risco é ainda maior”, destaca.
A médica conta que, além de casos como o de Joseaine, também tem atendido pacientes com complicações vasculares causadas após contraírem o novo coronavírus. As reclamações mais frequentes são de dores nas pernas, fadiga muscular, formigamentos, perda de massa muscular, lapsos de memória e desorientação. “Tive dois pacientes com queixas marcantes: uma moça jovem, super ativa antes da doença, que quis desistir da consulta, pois teria que atravessar a avenida em frente ao consultório e subir alguns degraus. No outro, um rapaz que se queixava de se perder ao fazer o trajeto de casa ao trabalho todos os dias, mesmo trabalhando na mesma empresa há 5 anos”.
As impressões da médica são sentidas por outros especialistas. De acordo com pesquisa feita Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular com médicos associados, 39% dos entrevistados tiveram pelo menos um paciente infectado pela Covid que apresentou um quadro de trombose venosa ou embolia. Outro estudo, feito pela Radiological Society of North America (RSNA) com 3.342 pacientes), retratou que os infectados pelo novo coronavírus sofreram de quadros mais graves da doença e precisaram de hospitalização: a taxa de trombose é de 16,5%.
O cenário ganha destaque na quinta-feira (16), Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose. Na visão da angiologista, o aparecimento do problema vem variando de acordo com cada indivíduo e o trabalho em home office também tem sido um gatilho no desenvolvimento da enfermidade. “Com receio de contrair a doença, as pessoas pararam de praticar atividade física, e aquelas que estão em home office e passam o dia todo em frente ao computador não fazem mais o caminho da casa ao trabalho, do trabalho ao restaurante, etc. O dia passa e, às vezes, sequer levantam para dar uma volta em casa mesmo”, exemplifica.
A médica ressalta que quanto mais tempo a pessoa fica parada, mais aumenta os riscos de ter a doença, que tem outros vilões em seu desenvolvimento, como genética, obesidade, gravidez e o consumo de cigarro e anticoncepcionais. “O diagnóstico da trombose se dá por meio de um ultrassom e o tratamento depende de cada caso. É possível tratar de forma ambulatorial, com um anticoagulante, sem a necessidade de internação e também indicamos a prática de atividade física e o uso de meias de compressão”, explica.
No caso de Joseaine, foram necessários cinco dias de internação e UTI para que ela pudesse se restabelecer. “Tive os melhores cuidados, os melhores médicos e enfermeiros, a parte da cardiologia foi excelente, fiz o tratamento por seis meses e eles foram primordiais para que eu conseguisse recuperar os dois pulmões atingidos pelo coágulo e a minha perna. Não fiquei com sequelas, mas sigo usando meia elástica para prevenção, pois na minha família todos têm problema de circulação”, completa.
Para melhorar a circulação sanguínea, a fim de evitar complicações da trombose, a médica angiologista dá algumas dicas. “Mesa, cadeira e computador na altura certa, beber muita água e, também, levantar-se pelo menos a cada duas horas para se movimentar um pouco”, conclui.

Sobre o Vera Cruz Hospital
Em 77 anos de existência, o Hospital Vera Cruz é reconhecido pela qualidade de seus serviços, capacidade tecnológica, equipe de médicos renomados e por oferecer um atendimento humano que valoriza a vida em primeiro lugar. O Vera Cruz dispõe de 154 leitos distribuídos em diferentes unidades de internação, em acomodação individual (apartamento) ou coletiva (dois leitos), UTIs e maternidade. A Instituição conta também com setores de Quimioterapia, Hemodinâmica, Câmara Hiperbárica Monoplace, Radiologia (incluindo tomografia, ressonância magnética, densitometria óssea, ultrassonografia e raio-x), e laboratório com o selo de qualidade Fleury Medicina e Saúde. Em outubro de 2017, a Hospital Care tornou-se parceira do Vera Cruz. Em quase quatro anos, a aliança registra importantes avanços na prestação de serviços gerados por investimentos em inovação e tecnologia. Em médio prazo, o grupo prevê expansão no atendimento com a criação de dois novos prédios erguidos na frente e ao lado do hospital principal, totalizando 17 mil m² de áreas construídas a mais. Há 34 anos, o Vera Cruz inaugurou e mantém a Fundação Roberto Rocha Brito, referência em treinamentos e cursos de saúde na Região Metropolitana de Campinas, tanto para profissionais do setor, quanto para leigos, e é uma unidade credenciada da American Heart Association.

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Falta de atividade no período de isolamento social foi gatilho para a doença; cirurgiã vascular do Vera Cruz Hospital esclarece sobre sintomas e tratamentos (Foto Divulgação)