O superintendente da Associação Comercial e de Inovação de Marília, José Augusto Gomes, faz um alerta ao comércio varejista em geral, no sentido de que os próximos dados comparativos mostrem uma diminuição no ritmo de vendas do varejo em geral, porém, com justificativa. “Com o fim da influência positiva da base menor de comparação do período de medidas restritivas, a tendência para os próximos meses será a dependência do poder aquisitivo das famílias, bem como a trajetória da inflação, para o varejo reagir”, disse o dirigente mariliense ao lembrar que as vendas do varejo restrito (que não inclui veículos e material de construção) e do ampliado (que consideram todos os segmentos) apresentaram alta de 1,3% e 0,3%, respectivamente, em relação ao igual mês de 2021. “A partir de agora os comparativos serão outros”, alertou. De acordo com o superintendente da associação comercial de Marília os números apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado em 12 meses, os volumes comercializados também mostraram aumentos de 1,7% e 4,8%, respectivamente, superiores aos observados na leitura anterior. A tendência para o restante do ano dependerá da situação do emprego e da trajetória da inflação que, além de afetar a renda disponível para o consumo, determina a evolução das condições do crédito. “Os especialistas estão alertando neste sentido, daí a importância de políticas públicas na economia para o fortalecimento do poder aquisitivo, a queda dos juros e o controle da inflação”, falou ao lembrar o fato de ser um ano eleitoral e esses temas serem bem utilizados pelos políticos. “Teremos que ver na prática e não no discurso”, disse.
José Augusto Gomes lembra do impacto positivo sobre o varejo que deverá trazer a injeção de recursos oriundos do saque do FGTS, da antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas, e da ampliação do crédito consignado para a população de baixa renda. “Para o lojista isso é muito importante”, destacou, em todo caso, a confiança do consumidor, que sinaliza a intenção de compra das famílias durante os próximos meses, segue em trajetória de recuperação devido fundamentalmente à melhora das expectativas futuras sobre a situação financeira, de acordo com o Índice Nacional de Confiança (INC) da ACSP.
Atualmente com a comparação em igual período em que a realidade do comércio era outra, os números tendem a serem melhores, e esses resultados positivos parecem estar bastante inflados pela menor base de comparação, quando vigoravam as medidas de isolamento social que reduziram o funcionamento do comércio. Na comparação com fevereiro de 2020, porém, quando essas medidas de isolamento social ainda não haviam sido aplicadas, observa-se recuo de 2,6%. De maneira geral, excluindo-se o efeito de redução da base de comparação provocado pela pandemia, observa-se uma tendência decrescente, iniciada em agosto de 2021, num contexto de menor poder aquisitivo das famílias, corroído pela inflação, encarecimento do crédito e elevado desemprego.