Marília tem hoje 110 pessoas ou casais interessados em adotar uma criança. A espera para conseguir efetivar a adoção, dependendo do caso, pode demorar até cinco anos.
O juiz da Infância e da Juventude, José Roberto Nogueira Nascimento, explica que o tempo de espera é grande porque no mínimo 80% dos candidatos desejam adotar crianças com até 3 anos de idade.
Por conta dessa exigência, a conta não fecha, já que o número de famílias é bem maior que o número de crianças e adolescentes nos abrigos aptos à adoção. Logo, a explicação para a espera não tem a ver com a burocracia. “Se a adoção for de irmãos ou de adolescentes, é bem mais rápido”, pontuou.
A fila de espera abrange as cidades de Marília, Vera Cruz e Ocauçu. Marília tem hoje oito crianças e adolescentes aptos para adoção, com idades entre 2 e 14 anos. Primeiramente, é feita a busca dentro da lista local, depois dentro do Estado e vai ampliando.
Uma situação que vem se tornando cada vez mais comum é preservar os candidatos à adoção e os adotados em nível local, já que boa parcela dos familiares das crianças ou dos adolescentes em abrigos está envolvida em crimes.
“Não é bom que crianças fiquem na mesma cidade, porque essa situação pode gerar desconforto para a criança e também para a nova família. Isso explica o fato de, em diversas ocasiões, não pegarmos na nossa lista local, e os candidatos muitas vezes reclamam, ao achar de maneira equivocada que estão sendo passados para trás na fila”, esclarece.
Nesses casos, é dada prioridade a pessoas ou famílias de fora, para levar a criança ou o adolescente para outra cidade.
O juiz explica que, em todos os casos, é estabelecido um estágio de convivência antes que seja efetivada a adoção. Em outras palavras, é um período de testes. “No caso de bebês, a adaptação é mais fácil. Já no caso de pré-adolescente ou adolescente, certamente haverá algum tipo de divergência”, pontua.
Esse tempo de convivência antes da oficialização da adoção é variável, mas costuma durar pelo menos três meses.
O que fazer
Para entrar na fila da adoção, é necessário se dirigir ao Fórum de Marília. O atendimento é de segunda a sexta-feira das 13h às 17h. Lá os profissionais darão todas as informações do que fazer para se inscrever.
Durante o processo, os candidatos devem fazer um curso, antes presencial, mas que agora está sendo ministrado de maneira remota. Após a conclusão desse curso, a pessoa ou família entra oficialmente na lista de adoção.
“A pandemia empobreceu muitas famílias e isso afetou o número de interessados em adotar”, concluiu o juiz.