Vim ao mundo no início de 1968, quando o Marechal Costa e Silva era o presidente do nosso país. Patriotismo, PIB em alta, milagre econômico e altas expectativas para a economia eram as principais manchetes na mídia. Isso durou até 1973…
De lá para cá, as idas e vindas na economia, na moeda e na política formaram ciclos completos de expectação e frustração. Nação verde e amarela numa gangorra: cena quase infantil, não fosse a trágica figura da gangorra na parte baixa, com centenas de óbitos nos corredores dos hospitais falidos, com milhares de vítimas das estradas mantidas pela indústria das propinas, com presídios superlotados onde seres humanos são empilhados e com a lama de Mariana e Brumadinho zombando do Poder Judiciário.
Mas… Impressionante! Brasileiro nunca desiste. Sempre espera, sempre aguarda, sempre sonha… Já escrevi anteriormente por aqui que, quanto maior a expectativa, maior chance de decepção. Um ditado indiano enuncia: “Grande expectativa, grande decepção. Pequena expectativa, pequena decepção. Nenhuma expectativa, nenhuma decepção”.
Infelizmente somos uma sociedade assentada neste balanço de parquinho. Todos nós expectamos, esperamos, esperançamos (como disse o teólogo J. Moltmann, citado por M. S. Cortella), mas também nos decepcionamos e somos vitimados pela frustração. A questão não é decepcionarmo-nos ou não, mesmo porque, ao longo da vida viveremos surpresas extraordinárias, mas também desencantos “fora da curva”, isso em qualquer país ou cultura.
Vamos nos alegrar com as vitórias que o ano nos reserva e vamos nos entristecer com perdas. Ninguém passa pela vida apenas ganhando. Ninguém passará por 2019 apenas acumulando. Portanto, a questão é: como reagir mediante o que a vida vai me oferecer? As pessoas, quando desenganadas pelas circunstâncias, reagem das mais diversas formas, mas parece cada vez mais comum a fuga como reação.
Acontece que as fugas são ilusórias. O patriota conformista diz: “No próximo governo isso vai se resolver!” Pensamento repetitivo que vai durar quatro anos… em alguns casos, oito. O profissional julga-se pouco reconhecido e pede a conta: “Novos horizontes! Agora vou alçar voo! Assisti a última palestra de motivação e contratei um coach top!”  Por alguns meses…
Apenas a satisfação do anseio imediato. Parece também que, a fuga torna-se um comportamento viciante. Quem inconscientemente recorre ao escape imediato como solução rápida para um problema vai, dali em diante, recorrer a este subterfúgio nas situações de enfrentamento. Com certeza você conhece gente que não para em emprego algum, está sempre pedindo demissão e projetando sua realização profissional no que está por vir.
Não investe em relacionamentos e está sempre projetando a satisfação no próximo namoro. A mulher mal amada, com a autoestima achatada pede o divórcio e vai para o novo ombro amigo: “Ufa! Alívio!… Agora sim vou ser feliz, afinal tenho este direito!”… Alívio por um tempo. Aliás, no Brasil aproximamo-nos do índice de divórcios de 50% nas grandes cidades, mas este índice sobe para quase 90% quando se trata de um segundo casamento, pós divórcio. Por que?  Porque o casal – ou um dos cônjuges – já tem a rota de escape mapeada nos recônditos do inconsciente: “Qualquer coisa que der errado eu já sei o trajeto”.
Pois bem: 2019 há de nos oferecer inúmeras situações de confronto, embate e adversidade. Como você há de reagir a elas? Provaremos desilusões, frustrações e decepções; mas como reagiremos quando a gangorra estiver para baixo? Recentemente ouvi a mais completa definição de coragem – até o momento – num sermão de meu amigo Pr. Ricardo Gondim: “Coragem não é ausência de medo. É a sabedoria para aplicar os recursos que tenho, apesar das minhas limitações, para enfrentar o que a vida cobra de mim”.
Coragem não é entrar numa briga de danceteria ou acelerar uma motocicleta a 185 km/h. O que a sociedade imediatista denomina coragem, eu chamo de insensatez. Coragem é a difícil equação: perseverança + serenidade + paciência + resiliência + sabedoria + fé + esperança … Esta operação é tão rara quanto um vinho Lafitte 1787.
A sociedade precisa de profissionais corajosos para assumirem empreendimentos longevos, sem motivações extrativistas. As famílias precisam de pais corajosos para irem até as últimas consequências pelo lar e pelos filhos, sem fúteis escapes em nome da felicidade egoísta. O cristianismo precisa de homens e mulheres que lutem pela fé que um dia abraçaram, sem prostrações ante os efêmeros jogos de ego religioso. Isso é coragem! Precisamos dela em 2019!
 
Marcos Kopeska é pastor da 3ª IPI Marília, terapeuta familiar sistêmico, escritor, articulista, apresentador do Programa Vida em Gotas e palestrante em encontros de casais.

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