Todos nós já sonhamos e brincamos de super herói quando crianças. Conheci um garoto que quebrou o braço voando para o chão da escadaria vestido de superman. Eu corria muito rápido pensando ser a mulher biônica. O tempo passa e descobrimos que era só imaginação infantil, que somos frágeis, limitados e que o poder não está na capa, na arma, na pulseira nem naquela máscara ou martelo…
Acessórios não nos faz mais capazes, a vida tranquila não nos faz mais capazes. O que nos faz poderosos são os vilões que aparecem para nos destruir e ativam assim nossos superpoderes. O melhor desempenho acontece quando enfrentamos problemas graves.
Todo herói teve sua origem em algum acidente ou intercorrência séria que o tirou do processo natural da vida. Heroísmo acontece em meio a muita dor. É nesse momento que conhecemos os nossos melhores recursos. Sim, nossa resiliência não conhecemos no mar de rosas da vida, ela aparece e nos salvam quando nos deparamos com o sofrimento.
Por isso que ser super herói não é tão simples assim. É preciso além de força, ter inteligência emocional para superar os vilões das perdas, da dor, do perfeccionismo, da impotência, da solidão, das enfermidades, da culpa, da depressão.
Devemos reconhecer que não somos super perfeitos em todos os momentos e podemos falhar apesar de todo esse brilho. No filme ‘Vingadores: Ultimato’ ficou clara essa fragilidade que também atinge os mais poderosos dos heróis. Nós nos surpreendemos com o Thor, que apesar de toda sua força, caiu em depressão ao culpar-se por um erro e fugiu dessa dor se afundando na bebida.
Sim, temos muitos poderes mas os fortes também erram. Por outro lado, também não somos os soberanos. Precisamos controlar a euforia diante dessa força que possuímos. Muitos grandes homens perdem a leveza da vida simples por excederem no uso de seu poder. “Meus heróis morreram de overdose”, já cantava Cazuza falando desse excesso.
O poder salva mas também pode matar o que você tem de mais importante. Podemos aprender com os filmes. Heróis não ficam com seus trajes em todo tempo. Apenas quando é necessário usam de suas roupas e domínio. Hoje vemos muita gente querendo ser “super” por aí. Tem até treinadores para isso. Com a motivação no último grau te persuadem a serem alguém além de você. Então muitos abandonam a velha bermuda e o chinelo do essencial para trajarem a vestimenta daquele super alguém vencedor.
Claro que devemos vencer, mas para isso devemos cuidar para não perdermos o que já conquistamos, pela simples ganância de ser e ter mais. Talvez não te contaram, mas os heróis também têm contas a pagar. Dividas com a qualidade de vida e com os relacionamentos mais importantes.  
Sabe, o mundo do capitalismo e outras ideologias está girando mais rápido. Segure-se na âncora de seus princípios e valores para não perder o eixo do sentido maior da vida. Não sei qual é o seu vilão do momento, mas tenha certeza que por pior que seja, tem o poder de te fazer uma pessoa melhor.
Resista à tentação de transformar sua evolução em produto para ser vendido, mas sim em passos a serem seguidos, de volta ao planeta dos homens comuns e satisfeitos com tudo que já são e possuem.  
 
Edilene Nassar é psicóloga, professora, palestrante e especialista em inteligência emocional. Contatos pelo (14) 9.8149-7242 ou edilenenassar@hotmail.com.
 

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