Como Água para Chocolate
Laura Esquivel
Neste romance dividido em doze capítulos que correspondem a cada mês do ano, tudo gira em torno da cozinha. As histórias sempre começam com uma receita que tece o fio da história narrada pela sobrinha-neta de Tita, personagem principal do livro, que descobriu o caderno de receitas da tia por acaso. Mas o livro não se passa apenas em um ano; discorre toda a trajetória de Tita e da família La Garza durante a Revolução Zapatista nas primeiras décadas do século 20 em um rancho próximo da fronteira México-EUA.
Uma leitura apaixonante da força de uma mulher que luta tanto pelo seu amor quanto para romper com o patriarcado autoritário dos anos 1900 e que sabe colocar em cada prato que faz sentimentos e emoções. Nesse livro, as emoções, assim como as refeições, são escancaradas nas mesas de almoço e de jantar trazendo para nós um banquete literário daqueles de ar água na boca.
“Como água para chocolate” é uma expressão típica do México que Tita menciona no livro. Lá se prepara o chocolate quente dissolvendo-se a barra caseira de chocolate em água, em vez de leite. Para que o chocolate derreta é preciso que a água esteja fervendo; então, se a pessoa está “como água para [fazer] chocolate” significa que está fervendo – de raiva ou de amor.
Deixe se deliciar com as receitas da Tita, conhecer sua família e a fusão de aromas que compõem o livro. Vale a pena uma leitura dedicada a atenta aos mínimos detalhes que estão para ferver no turbilhão de emoções que saltam da narrativa direto para o nosso estômago. E para o nosso coração.
Nossas Noites
Kent Haruf
Em “Nossas Noites” estamos em Holt, cidade fictícia do interior dos EUA, quando, “num fim de tarde maio, antes de escurecer completamente, Addie Moore faz uma visita a Louis Waters”.
“Bem, é que nós dois estamos sozinhos. Já há muito tempo. Há anos. Eu me sinto sozinha. E acho que é possível que você também se sinta. Então fiquei pensando se você gostaria de ir para a minha casa à noite e dormir comigo. E conversar”.
Louis aceita o convite um pouco espantado, mas começa a viver coisas que nunca tinha vivido e Addie se transforma em uma protagonista forte e cheia de vida, apesar da idade e do medo de uma velhice solitária.
“Nossas Noites” é um livro delicadíssimo com os protagonistas como parceiros das noites, de conversas e de bons vinhos, com trocas e confidências que só dois bons amigos/amantes podem ter.
Um romance leve e cheio de aprendizado para quem é jovem e também uma boa chance de reviver a vida para quem já viveu muito. Vale muito a pena a leitura. Addie e o Louis vão se transformar em boas referências para quem busca uma vida mais bonita na melhor idade ou agora mesmo.
Lídia Basoli é jornalista com especialização em Comunicação pela UEL e Mestre em Comunicação pela UNESP. É coeditora e jornalista responsável pela revista Café Espacial junto com o editor e designer gráfico Sergio Chaves. www.cafeespacial.com
