Em Israel, médicos realizaram um procedimento altamente complexo para salvar a vida de um menino de 12 anos. Enquanto andava de bicicleta, o garoto foi atropelado por um carro. Como consequência do impacto, ele teve uma luxação bilateral da articulação atlanto-occipital, condição conhecida popularmente como “decapitação interna” ou “decapitação ortopédica”.

Apesar do popular nome decapitação, as fraturas são muito diferentes. Na medicina, uma pessoa decapitada é aquela que teve o seu crânio completamente separado do corpo, como se tivesse ido, literalmente, para a guilhotina. Nestes casos, não há nenhuma chance de sobrevivência, nem mesmo considerando que a pessoa fique tetraplégica. O curioso (e mórbido) é que alguns cientistas debatem em que momento o indivíduo perde a consciência, o que pode não acontecer imediatamente.

Agora, no caso da decapitação interna, dependendo do grau, os ossos e os ligamentos entre o crânio e a coluna cervical são rompidos, internamente, como se a pele e os músculos fossem o que mantivessem a cabeça no lugar. Mesmo assim, o risco de sobrevivência tende a ser baixo, já que demanda um centro cirúrgico e profissionais altamente especializados para agir em tempo hábil.

Entenda o caso do garoto que sofreu “decapitação interna”

O paciente, identificado como Suleiman Hassan, teria sofrido o atropelamento que provocou a “decapitação interna” na Cisjordânia, durante o mês de junho. Em caráter de urgência, o menino foi transportado de avião para o centro médico Hadassah, na cidade de Ein Kerem, em Israel — são menos de 60 km.

Em acidente de trânsito, menino de 12 anos sofre "decapitação interna" (Imagem: Alexander Nadrilyanski/Pexels)
Em acidente de trânsito, menino de 12 anos sofre “decapitação interna” (Imagem: Alexander Nadrilyanski/Pexels)

“O procedimento em si é muito complicado e levou várias horas”, conta Ohad Einav, médico especialista em ortopedia que cuidou do caso, para o jornal The Times of Israel. Foi necessário o uso de placas e fixações na área atingida, buscando reconectar as partes rompidas entre a cabeça e o pescoço.

Hoje, o garoto já recebeu alta médica, sendo necessário usar apenas uma tala cervical. Nos próximos meses, ainda serão necessárias algumas visitas médicas para checar se a recuperação evolui conforme o esperado. No entanto, nenhum tipo de problema neurológico foi identificado.

“O fato da criança não ter [desenvolvido] déficits neurológicos e nem disfunção sensorial ou motora, e de estar andando normalmente, sem auxílio, após um processo [cirúrgico] tão longo, é bastante significativo”, detalha Einav sobre a cirurgia bem-sucedida. Até o momento, nenhum relato de caso sobre a intervenção foi publicado em nenhuma revista científica.

A seguir, veja o paciente quando teve alta do centro médico:

Condição que lembra decapitação é extremamente rara

A própria equipe médica que atendeu o menino não sabe precisar qual é a incidência de casos de “decapitação interna” em Israel, já que é um evento muito raro em adultos e crianças. Além dos humanos, alguns animais domésticos podem passar por lesões do tipo, como cães e gatos.

De forma geral, o quadro grave e potencialmente fatal é desencadeado por três principais problemas:

  • Acidentes de trânsito, como aconteceu com o garoto, enquanto andava de bicicleta;
  • Quedas de elevadas alturas, como quem pratica esportes radicais (escaladas) e trilhas em montanhas;
  • Atividades esportivas de contato intenso.

Independente do caso, a taxa de sobrevivência está diretamente relacionada com as partes da cabeça, do pescoço e da coluna afetadas durante a lesão. Se as estruturas neurológicas ou vasculares forem gravemente afetadas, o risco de óbito é significativamente maior.

Fonte: Hadassah Medical Center e The Times of Israel    

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Menino tem cabeça reconectada ao pescoço após “decapitação interna”
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