á faz alguns anos desde que conheci algumas dos milhões de pessoas sírias forçadas a fugir da violência terrível no país. Visitando campos de refugiados na Jordânia, conversei com vários jovens que tiveram as vidas destruídas – que viram amigos e parentes mortos e feridos, que foram forçados a deixar suas casas sem saber se ou quando voltariam.
É preocupante pensar que muitas dessas crianças serão refugiadas, uma vez que a crise na Síria – e o desastre humanitário que a acompanha – já dura 11 anos.
Quase todas as crianças que conheci me disseram que tinham como prioridade voltar para a escola. Com a ajuda de um intérprete, uma menina de 10 anos chamada Aida me disse: “Eu só quero aprender.”
Mas a realidade devastadora é que as oportunidades voltadas à educação para crianças refugiadas, no mundo inteiro, são totalmente inadequadas. E a cada ano escolar perdido, as crianças vão perdendo espaço e vendo seu futuro se distanciar, pouco a pouco.
As lembranças dessa viagem voltaram à minha mente nos últimos dias, enquanto observava o caos se instaurar em outro país devastado pela guerra: o Afeganistão, que vem sendo assolado pela violência há mais de 40 anos.
As câmeras mostraram aqueles que lutam para conseguir entrar em um avião e fugir do país, incluindo os que temem retaliação por conta da educação que receberam ou do cargo que ocupam. Mas ainda há milhões de outras pessoas no Afeganistão que precisam desesperadamente de ajuda. Pessoas cujo futuro também é incerto. Para muitas crianças afegãs, a insegurança e a fragilidade da sociedade em que cresceram pioraram significativamente, minando ainda mais as chances de aprendizado e de se destacar.
Mesmo que consigam encontrar segurança em outro país, os desafios não acabam aí. As histórias angustiantes contadas pelos sírios que conheci na Jordânia soariam familiares às inúmeras crianças do Afeganistão que foram forçadas a fugir pela fronteira. Em vez de contos sobre a sala de aula ou do recreio, de entrar para o time da escola ou para a faculdade, é mais provável que essas crianças tenham memórias semelhantes ao medo, exaustão e fome – a pesadelos que prefeririam esquecer.

“Eu só quero aprender.”
*John Green, escritor e vlogger, apoia o ACNUR desde 2015. Este artigo foi publicado pela primeira vez no The Independent, em 6 de setembro de 2021.

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Nós decidimos como tratar refugiados – é desumano privá-los de educação
Para o lançamento Relatório de Educação 2021 do ACNUR, John Green, escritor e vlogger estadunidense, afirma que as oportunidades de aprendizado para crianças refugiadas são completamente inadequadas e que o mundo deve reconhecer o direito à educação.