Hoje, aproximadamente 20% dos brasileiros são obesos e 32% apresentam sobrepeso. A grosso modo, metade da população brasileira tem sérios problemas com o controle do peso. A presença da obesidade pode vir isolada ou em associação com a chamada síndrome metabólica (hipertensão arterial, resistência insulínica, elevação do colesterol e esteatose hepática). Esse conjunto de doenças aumenta o risco de enfermidades cardíacas, acidente vascular cerebral e diabetes.
Durante muitos anos se acreditou que a obesidade era um desequilíbrio simples entre a ingesta calórica e o gasto energético do paciente. Muitas vezes as pessoas acima do peso eram menosprezadas, pois se acreditava que sua obesidade era por uma falta de empenho em reduzir a ingesta calórica e aumentar o gasto energético. Infelizmente esse quadro não é tão simples como desenhado. Nesses fatores agem os entero-hormônios, que tendem a regular a perda e o ganho de peso, individualmente e fazendo com que muitos pacientes, por mais que façam atividade física e restrição alimentar, não consigam perder peso.

Está bem evidente que o sedentarismo, associado a uma dieta hipercalórica, está comprovadamente ligado à obesidade. O que está sendo discutido atualmente é o real motivo pelo qual, após a instalação da obesidade, esses pacientes têm uma dificuldade em perder e retornar ao peso ideal. Nesse balanço que entram os hormônios GLP-1, peptídeo YY e GIP que, além de suas atividades nas células pancreáticas, atuam reduzindo a fome, controlando o peso e protegendo de riscos cardiovasculares. É sobre esses hormônios, que se originam no intestino, que a cirurgia bariátrica atua permitindo que haja novamente um controle do peso, associado a uma redução do apetite, com um componente cirúrgico de restrição da ingesta alimentar.
A cirurgia bariátrica é hoje o mais eficaz método no tratamento da obesidade, pois atua em conjunto com a redução da ingesta calórica e com o reequilíbrio dos hormônios intestinais. Entretanto, a cirurgia bariátrica tem indicações muito bem estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo indicada para pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) maior ou igual a 40 kg/m2 ou, também, maior ou igual 35 kg/m2 associado a doenças ligadas à obesidade. Por ser um método muito invasivo e que pode apresentar complicações graves, somente é indicada quando todos os outros métodos não foram eficazes, acompanhada, ainda, de uma avaliação nutricional, psicológica, endocrinológica e psiquiátrica que liberem o paciente para o procedimento.

CIRURGIA BARIÁTRICA
As técnicas de cirurgia bariátrica, bypass gástrico e gastroplastia vertical – Sleeve são capazes de mudar a anatomia do trato gastrointestinal e possibilitar o ajuste dos hormônios gastrointestinais anteriormente alterados, possibilitando equilibrar o balanço energético e metabólico do paciente, que consegue, agora, perder peso. Curiosamente essas mudanças hormonais não são alcançadas com perda de peso associada à dieta e medicamentos, fato esse que permite o reganho de peso frequente em quem sofre com a balança.
A equipe multidisciplinar tem um papel tão importante quanto o médico no ótimo resultado do paciente bariátrico. O acompanhamento nutricional deve ser feito pelo resto da vida. Reposições vitamínicas orais e até mesmo sob a forma de injeções podem ser necessárias. O acompanhamento psicológico é outro ponto fundamental no pós-operatório. Muitas descobertas e dúvidas aparecem com o novo contorno corporal, muitas armadilhas ficam espalhadas pelo caminho e somente o psicólogo é capaz de oferecer esse suporte e tratamento. A presença de um educador físico no pré e no pós-operatório pode fazer toda a diferença entre o sucesso total e parcial após o procedimento bariátrico.
Entretanto, nem tudo são flores. A cirurgia bariátrica não consegue impedir o reganho de peso, que pode acontecer em todos os pacientes submetidos a qualquer técnica de cirurgia bariátrica. A volta aos erros alimentares do passado, a parada dos exercícios físicos e o abandono da equipe multidisciplinar são apontados como responsáveis pelo ganho de peso mesmo em pacientes operados pelas mais diversas técnicas cirúrgicas.
Procure o cirurgião bariátrico para uma consulta e avaliação. Tire todas as suas dúvidas. Não existe uma cirurgia para todos os pacientes. A decisão da melhor técnica cirúrgica é tomada em conjunto pelo paciente e seu médico.

SAIBA MAIS 
Roberto Tussi Júnior (CRM 122.581) é cirurgião do aparelho digestório. Área de atuação em Cirurgia Bariátrica e Cirurgia Videolaparoscópica (AMB). O consultório fica na Rua Carlos Botelho 507, Jardim Maria Izabel, Marília – SP. Contato pelos telefones (14) 3301-2012 e 3301-2022.
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