O grupo de cessação do tabagismo do serviço de pneumologia do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) registrou aumento de 54,5% de recaída ou intensificação do uso do cigarro entre junho e novembro de 2020. O percentual corresponde a 20 do total de 37 pessoas que haviam parado de fumar há cerca de um ano antes do início do levantamento. A observação foi realizada por meio da análise dos registros dos 114 pacientes fumantes acompanhados pelo grupo. O objetivo era identificar se o uso havia sido intensificado, mantido ou suspenso durante a pandemia da Covid-19.
O levantamento foi iniciado depois da suspensão das atividades presenciais do grupo de cessação em março de 2020. As ligações, a tabulação dos dados e a análise das informações foram realizadas pelas enfermeiras do serviço de pneumologia Eugênia Camarão e Cristiane Nobre Ferreira sob orientação da diretora do serviço de pneumologia Dra. Maria Vera Cruz de Oliveira.
Segundo a enfermeira Eugenia, os 54,5% dos pacientes que voltaram a fumar ou intensificaram o uso do cigarro relataram se sentirem mais depressivos e ansiosos. “Durante as ligações, eles se sentiam tristes, preocupados e tinha dificuldades para dormir por causa da pandemia. O medo de desenvolver quadros graves da Covid-19 e as mudanças impostas pelas medidas de seguranças os deixou inseguros. O escape desse sentimento era o cigarro”, explicou a enfermeira.
A pneumologista do HSPE Dra. Maria Vera ressalta que o estresse dificulta o processo de largar o cigarro, porque o fumante intensifica o uso para se distrair das situações delicadas. “O mundo externo impacta na motivação do paciente e, caso ele tenha alto grau de dependência física ao cigarro, fica mais difícil”, completou a pneumologista. A médica também comenta que em média o fumante tenta de sete a dez vezes parar de fumar até efetivamente superar o vício.
Natalina dos Santos, 49, é uma das pacientes que voltaram a fumar. A aposentada afirma sentir mais vontade de cigarros à noite, o motivo é o noticiário, programas que geram ansiedade e medo nela. “O cigarro me acalma, porque fico muito inquieta e assustada vendo tudo o que está acontecendo no mundo. Antes da pandemia, eu havia parado de fumar agora, fumo um maço por dia”, desabafa Natalina que fuma há 40 anos.
Para conscientizar sobre os malefícios do cigarro à saúde, a partir de 31 de maio, Dia Mundial Sem Tabaco, o HSPE vai disponibilizar aos seus pacientes e funcionários cartilhas educativas. O conteúdo indica as melhores formas de superar o tabagismo, resistir à tentação e evitar situações gatilhos para consumo de cigarro. O objetivo da ação é dar suporte por meio de informação de qualidade àqueles que desejam parar de fumar