Não é fácil retomar a prática de atividades físicas depois de muito tempo parado. Essa realidade pode ser ainda mais complicada pós Covid-19, pois, muitos ficam com sequelas da doença, como fraqueza, cansaço, falta de ar, dores articulares, entre outras consequências. Contudo, mesmo com todas as dificuldades, os especialistas reforçam a importância de se manter ativo. Carlos Botelho, coordenador das unidades Lago Sul e Sudoeste, da Bodytech Brasília, destaca que os exercícios físicos são cruciais para a melhora da independência, resistência cardiorrespiratória, força muscular, equilíbrio, coordenação motora, controle das comorbidades, entre inúmeros benefícios. No entanto, ele alerta que antes de retomar ou iniciar uma atividade física é importante fazer uma avaliação médica, e, dependendo do quadro, o programa de exercício físico deve ser adaptado. “Independente de tudo, o retorno sempre deve ser de forma gradual. Após ter
superado o coronavírus, a recomendação geral da Organização Mundial da Saúde é de pelo menos 150 minutos de exercícios aeróbicos leves a moderado por semana, além de duas sessões semanais de treinamento de força, como a musculação”, explica. Segundo Botelho, as academias podem ser as melhores aliadas neste momento de recuperação, pois, dispõem de toda atenção que todos os clientes que retornam às atividades físicas após a contaminação de preocupação com eles, a começar por uma avaliação médica antes do aluno retornar aos treinos.
“A partir desta avaliação, nós iniciamos as atividades aeróbicas e de musculação de forma leve. O treinamento aeróbico na percepção subjetiva do esforço de leve a moderado, é de 20 a 30 minutos”, afirma o profissional, que destaca: “A musculação, começamos com um programa de exercícios alternados entre os membros superiores com membros inferiores, exercícios multiarticulares e até duas séries por exercício.” Segurança Thais Yeleni, profissional de educação física, empresária e presidente do Sindicato das Academias do Distrito Federal, Sindac-DF, também fala que a atividade física é fundamental para o paciente pós-covid. Segundo a especialista há estudos que mostram que o Coronavírus traz desdobramentos na saúde até um ano após o seu contágio. “Então, a pessoa que se mantém ativa, com uma boa alimentação, atividade física regular de média a baixa intensidade, e um bom sono, tende a diminuir em até 60% os efeitos do pós-covid”, acrescenta. Thais reforça que o exercício também pode ajudar na prevenção ao contágio da doença. “É mais difícil o contágio para quem tem a imunidade alta, e, caso venha contrair a doença, os desdobramentos são significativamente menores. Estudos científicos comprovam que há 34% menos chances de internações em pessoas fisicamente ativas”, aponta. De acordo com ela, as academias estão seguras e podem ser uma ferramenta de grande importância nos cuidados com a saúde. “Nós seguimos mais de 15 protocolos de segurança. Então, o nosso segmento se preocupou em fazer um protocolo para que realmente as pessoas pudessem estar em um ambiente seguro para continuar cuidando da saúde de todos os alunos, com toda a segurança que a covid exige”, relata. “Fizemos estudos em relação ao nosso segmento, nos tornamos mais seguros do que vários outros ambientes, tais como mercados, farmácias, shopping, lojas, restaurantes, bares, inclusive até o próprio hospital”, explica a presidente do Sindac-DF. Ela
continua: “temos um estudo que mostra que os protocolos aplicados tornaram o ambiente extremamente seguro. Então nossos protocolos inclusive foram validados, melhorados por infectologistas da USP, baseados em protocolos de outros países que tiveram muito sucesso na retomada das atividades”, conclui. Cuidado com a saúde óssea O médico ortopedista Henrique Mansur, da Clínica Pedus, explica que com a Covid muitos pacientes ficam longos períodos acamados, e, mesmo os que evoluem com as formas mais leves da doença, permanecem sem realizar atividades físicas por períodos prolongados.
Assim, há uma perda de massa muscular, podendo ser mais intensa nos pacientes mais velhos e nos que fizeram uso de corticoides. “É fundamental um retorno gradual à prática esportiva, com avaliação das doenças prévias, bem como do status muscular e possíveis lesões articulares, além do acompanhamento por profissionais qualificados”, pontua. Ele aponta que uma reabilitação individualizada é fundamental para evitar lesões. Além disso, conforme o especialista, é importante a realização de alongamentos e o trabalho da musculatura, com ênfase no Core muscular, que é o grupo de músculos estabilizadores do tronco e estabilizam a coluna. O médico também reforça o cuidado que deve-se ter com as quedas de temperaturas (choque-térmico), principalmente com a chegada do inverno. Doutor Mansur ressalta que o frio pode gerar piora das dores nas articulações com osteoartrite, e com processos inflamatórios. “Fazer atividade física regular e ‘aquecer’ o músculo ajuda no fortalecimento e melhora da dor”, conclui.