Docentes alegam que a plataforma adotada pela administração Tarcísio de Freitas engessa o trabalho deles
Os professores da rede estadual de São Paulo se mobilizaram desde a última segunda-feira (13) contra o uso do sistema de plataformas digitais adotado pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A ferramenta começou a ser implementada no ano passado e vai substituir os materiais didáticos físicos por aplicativos digitais.
O problema, segundo a Apeoesp (sindicato dos professores) é que esses apps retiram a autonomia dos docentes no planejamento das aulas. Isso porque o sistema registra se o professor usou ou não o material pré-estabelecido – e ele recebe cobranças se não utilizar.PUBLICIDADE
Além disso, os profissionais alegam que a padronização do ensino será pior para os estudantes, já que não serão levados em conta os diferentes contextos nos quais os alunos estão inseridos.
O sindicato afirma que todos os professores do estado ficarão sem usar a plataforma durante esta semana, de 13 a 19 de maio, como forma de protesto. A Apeoesp disse ainda que o governo do Estado e a Secretaria da Educação estão cientes desse movimento.PUBLICIDADEhttps://d9176b3844353275a69e285ba4a954f1.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-40/html/container.html
Polêmicas em torno do material
- O assunto vem rendendo bastante desde o ano passado, à época do anúncio;
- O governo paulista cogitou sair do Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD), do Ministério da Educação, mas desistiu após decisão judicial;
- Mesmo assim, começou a priorizar esse sistema digital;
- Uma das polêmicas diz respeito ao conteúdo;
- As primeiras versões utilizadas traziam informações erradas, como a que dizia que Dom Pedro II havia assinado a Lei Áurea;
- Na verdade, quem fez isso foi a Princesa Isabel;
- Outra polêmica diz respeito ao uso do ChatGPT;
- A Secretaria da Educação disse que o governo vai começar a usar o chatbot para elaborar parte do material e do conteúdo programático, algo que é feito hoje por pessoas, os chamados professores “curriculistas”;
- Para especialistas, essa troca soa como um absurdo.
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“Não somos contra a tecnologia”
Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da Apeoesp, Fábio Moraes, explicou que não é contra a tecnologia, mas que é preciso valorizar o professor:
“Nós queremos tecnologia, escolas estruturadas, profissionais valorizados e nós queremos resguardar nossa liberdade de cátedra. Se eu achar que a plataforma é melhor, eu uso a plataforma. Se eu achar que aquele assunto, o livro, aborda melhor, eu uso o livro. E, se eu quiser, eu elaboro o meu material com meus alunos. Quantas vezes não fizemos isso?”, reclamou.
Na sequência, ele argumentou que o Estado de São Paulo é muito grande e que não adianta ensinar determinadas matérias do mesmo jeito para quem mora em uma comunidade da capital ou em uma área rural do interior:
“Você não pode padronizar uma rede do tamanho do Estado de São Paulo, com a diversidade e com a especificidade que cada escola, cada região tem. O aplicativo faz isso. E o professor, se ele não estiver seguindo o aplicativo, o próprio sistema já comunica à direção da escola e o diretor deve ir até a sala de aula, chamar a atenção do professor”, criticou Fábio Moraes.
O que diz o governo
Também em nota enviada à Agência Brasil, a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo disse que “as plataformas digitais são recursos tecnológicos agregadores na produção pedagógica em sala de aula, fazendo parte do conteúdo ministrado pelos docentes, e continuam sendo utilizadas normalmente”.
Ainda segundo a pasta, “os recursos oferecidos pela Secretaria têm o objetivo de aprimorar as habilidades dos estudantes e promover o avanço dos índices educacionais”.
Por Bob Furuya, editado por Rodrigo Mozelli