O maior órgão do corpo é o que mais sente os efeitos da pandemia – a pele. A médica Dra. Adriana Vilarinho, dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Academia Americana de Dermatologia (AAD), conta porque isso acontece e como reverter este quadro.
“O estresse vivido por este momento aumenta a inflamação e a liberação de uma série de hormônios (como o cortisol, adrenalina e derivados) que interferem em receptores e neurotransmissores em diversas regiões do corpo”, explica. A pele é, não apenas um canal imediato de situações de estresse, como um alvo para algumas respostas ao estresse (os mediadores do estresse atuam nela, promovendo respostas inflamatórias e até imunológicas).
A pele e o sistema nervoso têm a mesma origem embrionária, e permanecem ligados por toda a nossa vida. Trata-se de um órgão sensorial que permite a sensação térmica, a capacidade sensitiva de tensão mecânica e a dor. “Se ficamos envergonhados ou emocionados nossa pele exprime essas emoções através da ruborização e dos arrepios. Enfim, tamanha é a complexidade das funções da pele em conexão com terminais nervosos que este tema vem trazendo novas descobertas científicas”, sinaliza a médica.
O estresse aumenta a liberação de células inflamatórias, reduz a imunidade e aumenta o estado de alerta na pele, promovendo maior incidência de alergias, acne, dermatites, urticária. “Quando o grau de estresse é elevado ou cronificado, doenças mais sérias (como as autoimunes) podem se apropriar do momento e serem deflagradas, em indivíduos predispostos”, explica.
Enquanto a acne aparece por aumento da oleosidade e inflamação dos poros, com infecção, gerando as tão conhecidas espinhas e cravos, as demais inflamações provocam outros sintomas a serem observados no contexto individual do paciente. A dermatite causa vermelhidão, coceiras e até mesmo bolhas. Outras condições pioradas podem ser a urticária, uma reação alérgica que pode aparecer por meio de vergões na pele. Temos recebido muitos casos de urticária generalizada, de difícil tratamento, em que é preciso “desligar” os fatores psicoemocionais envolvidos de forma pontual.
Para tratar e prevenir, a médica lembra que é importante manter uma rotina de cuidados específicos para cada tipo de pele, respeitando a sazonalidade (o inverno requer mais cuidados, e evitar água quente) e a individualidade do paciente. Atividades que promovem bem-estar e saúde, como a prática de exercícios físicos, meditações e técnicas respiratórias, também são grandes aliados para minimizar os efeitos do estresse.
Muitas vezes o paciente chega a tentar esses recursos, mas não consegue sozinho, ou possui recidivas sucessivas das alergias e outros problemas de pele, afetando drasticamente sua autoestima. Esse paciente necessita de um tratamento individualizado, e, por vezes, multifatorial.

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Questões psicológicas na pandemia  aumentaram 90% e causam danos à pele