A primeira-ministra da Estônia foi colocada em uma lista de procurados na Rússia devido aos seus esforços para remover monumentos da era soviética no país báltico, segundo informações fornecidas por autoridades russas nesta terça-feira (13), em meio a tensões entre a Rússia e o Ocidente durante a guerra que Moscou trava com a Ucrânia.

O nome da primeira-ministra, Kaja Kallas, apareceu na lista do Ministério do Interior russo de pessoas procuradas por acusações criminais não especificadas. O relato foi feito agora pelo meio de comunicação independente russo Mediazona, mas o nome da líder está nessa lista há meses.

Autoridades russas disseram que Kallas foi colocada na lista por causa de seus esforços para remover monumentos da Segunda Guerra Mundial. Kallas apontou a medida como a “tática familiar de intimidação” de Moscou.

– A Rússia pode acreditar que a emissão de um mandado de prisão fictício silenciará a Estônia. Recuso-me a ser silenciada, continuarei a apoiar abertamente a Ucrânia e a defender o fortalecimento das defesas europeias – disse ela.

A Estônia e outros países que são membros da Otan, como Letônia e Lituânia, demoliram monumentos que são amplamente vistos como um legado indesejado da ocupação soviética desses países.

Desde a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, há quase dois anos, numerosos monumentos aos soldados do Exército Vermelho também foram derrubados na Polônia e na República Checa. Moscou denunciou essas medidas como uma profanação da memória dos soldados soviéticos que morreram enquanto lutavam contra a Alemanha nazista.

REMOÇÃO DE MONUMENTOS
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, confirmou que Kallas e Peterkop estavam na lista devido ao seu envolvimento na remoção de monumentos. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que foi uma resposta à ação de Kallas e outros que “tomaram medidas hostis em relação à memória histórica e ao nosso país”.

A Mediazona, que baixou e estudou mais de 96 mil itens no banco de dados, disse que a lista também inclui dezenas de autoridades ucranianas e cidadãos estrangeiros acusados de lutar ao lado das forças armadas ucranianas.

O presidente russo, Vladimir Putin, apontou que livrar a Ucrânia de grupos neonazistas é um dos objetivos centrais da guerra, mas não ofereceu nenhuma prova para apoiar suas repetidas afirmações de que tais grupos têm uma voz decisiva na definição das políticas da Ucrânia.

A inclusão de Kallas também poderá marcar uma tentativa de Moscou de contrariar o mandado de detenção emitido no ano passado contra Putin pelo Tribunal Penal Internacional, devido à alegada deportação de crianças ucranianas para a Rússia.

Embora signifique pouco em termos práticos, uma vez que os contatos entre Moscou e o Ocidente foram congelados durante o conflito, a divulgação da lista ocorre em um momento em que os membros europeus da Otan estão preocupados com a maneira com que as eleições americanas irão afetar a aliança militar.

*AE

Fonte: Pleno News

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Rússia coloca premiê da Estônia em lista de pessoas procuradas
Foto: EFE/EPA/OLIVIER MATTHYS