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Nova política comercial da presidência Trump encarece alimentos importados nos EUA e pode levar produtores brasileiros a vender mais barato no mercado interno

As recentes tarifas de até 50% impostas pelo presidente Donald Trump sobre a importação de diversos alimentos têm gerado forte impacto nos fluxos comerciais internacionais — mas, surpreendentemente, o consumidor brasileiro pode sair ganhando. Diante da dificuldade de exportar para os Estados Unidos, muitos produtores do Brasil agora buscam alternativas para “desovar” estoques acumulados, o que deve aumentar a oferta interna e pressionar os preços para baixo.

A medida, parte do novo pacote econômico nacionalista da Casa Branca, atinge diretamente setores como frutas tropicais, carnes, grãos e derivados. A intenção declarada do governo Trump é proteger o agricultor americano, favorecer o consumo doméstico e punir países que, segundo ele, praticam concorrência desleal com os EUA.

Exportações travadas, mercado interno aquecido

Com a imposição das tarifas, exportadores brasileiros se veem diante de um gargalo logístico e comercial: muitos embarques foram cancelados ou suspensos, especialmente de itens como manga, melão, mamão, carne bovina, frango congelado e soja. O resultado é um volume crescente de mercadorias encalhadas.

Para evitar prejuízo e perda de produtos perecíveis, a indústria agroexportadora agora se mobiliza para aumentar as vendas no Brasil — inclusive com descontos significativos. Redes de atacado, supermercados e centrais de abastecimento já sinalizam que pode haver queda nos preços de alimentos nos próximos meses, sobretudo nas regiões urbanas.

Consumidor brasileiro pode ser o maior beneficiado

A maior oferta interna e a urgência em liquidar estoques tendem a beneficiar o consumidor final. Economistas avaliam que esse fenômeno pode ajudar a reduzir a inflação dos alimentos, uma das maiores pressões sobre o custo de vida nos últimos anos.

“A decisão do presidente Trump de priorizar o produtor americano acabou abrindo, indiretamente, uma janela de oportunidade para o Brasil. A sobra de produtos deve gerar uma guerra de preços no mercado interno e isso pode ajudar a segurar a inflação no curto prazo”, avalia um consultor de mercado agrícola.

Inflação em queda e alívio para o Banco Central

Com preços mais baixos nos supermercados, o Banco Central brasileiro pode ganhar espaço para manter ou até reduzir os juros — estimulando a atividade econômica e o consumo interno. Além disso, a queda nas exportações reduz a pressão sobre o câmbio e os combustíveis (menos demanda por transporte internacional), o que reforça o cenário de alívio inflacionário.

Por Júnior Melo

Fonte: Diário Do Brasil

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Saiba como tarifas impostas por Trump podem beneficiar brasileiros e derrubar inflação