Brunno Alexandre
 
Uma nova mutação do Coronavírus está preocupando o planeta, em especial regiões da Ásia, Europa e América do Norte, pela rápida disseminação e efeitos ainda desconhecidos da doença respiratória. 
 
Em Marília, a infectologista Luciana Sgarbi, da Sgarbi Vacinas, orienta sobre os cuidados necessários para serem adotados pelos brasileiros, em especial quem pretende viajar para fora do país ou aqueles que chegaram de viagem dos locais considerados de risco.
 
Conforme a doutora, especialistas de todo mundo estão mobilizados em entender o comportamento desse agente infeccioso para compreender sua capacidade de transmissão. “Os casos mais leves lembram um resfriado comum, com febre, secreção respiratória, dor de garganta e uma tosse. Em quadros moderados, somam-se febre, indisposição e dores no corpo. E nos quadros mais graves, uma pneumonia viral provocada pelo próprio Coronavírus”, destaca. 
 
Para a especialista, a China teve uma posição rápida para identificar o Coronavírus e sua sequência génica.  “Eu penso que se isso tivesse acontecido em qualquer outro país não teria a mesma agilidade, pois os chineses já viveram situações semelhantes no passado. Quando digo que eles foram ágeis me refiro ao tempo de resposta para identificar pessoas com pneumonia atípicas em uma mesma região e constatar que se tratava de um vírus mutante”, explica.
 
Parte da mídia mundial criticou a suposta demora que o governo chinês teve ao decretar o isolamento da região de Wuhan, epicentro da disseminação do vírus. A avaliação de Luciana Sgarbi é que a política de contenção do Coronavírus foi a correta.
 
“Para se fechar uma cidade é necessário ter a certeza da gravidade do vírus. Isso tem impacto e provoca pânico na sociedade e em todo mundo. No meu ponto de vista, foi pequeno o intervalo que foi comunicado às autoridades. Tudo está sendo investigado de forma cuidadosa e isolada”, complementa. “Não basta investigar o paciente, mas traçar uma relação de todas as pessoas que ele teve contato no dia e até na semana, colocar todos em quarentena. Isso é uma dinâmica muito complexa”, ressalta.
 
Histórico do vírus
 
Luciana Sgarbi revela que a família Coronavírus não é uma novidade e outras crises pandêmicas já foram registradas anteriormente. “A primeira mutação do Coronavírus ocorreu em 2002, quando houve um surto de uma grande doença que foi denominada Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave)”. 
 
Segundo a Organização Munidial da Saúde (OMS), a Sars se disseminou rapidamente por mais de 12 países na América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia, infectando mais de 8 mil pessoas.
 
O vírus causou cerca de 800 mortes antes da epidemia ser controlada em 2003. “Foi uma situação muito grave, também iniciada na China, uma disseminação pandêmica e uma mortalidade elevada, de 10 a 12%. A situação foi controlada através de muito trabalho de isolamento e tratamento dos pacientes”, explica Luciana.  
 
Em 2012, o Coronavírus novamente provocou mortalidades. “O vírus foi identificado inicialmente na Arábia Saudita e se alastrou pelo Oriente Médio. Possivelmente a transmissão partiu de camelos e dromedários da região. O episódio ficou conhecido como Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers)”, destaca.
 
Métodos de prevenção
 
Em uma visita ao Japão, Luciana Sgarbi revela que no Oriente o uso de máscaras devido a doenças virais (doenças respiratórias e gripes, por exemplo) é bastante comum – especialmente em lugares públicos, como ônibus, metrô, trem e avião –, o que já não acontece no Brasil. 
 
De acordo com a especialista, as características do brasileiro são diferentes, somos mais afetivos. “Mesmo doentes as pessoas costumam se cumprimentar com abraços e beijos. É preciso evitar contato, sempre lavar as mãos, não coçar os olhos e colocar a mão na boca – mucosas onde o vírus adere. Se essa epidemia tivesse acontecido em algum outro país que a organização não fosse China ou Japão, penso que a situação poderia ser mais grave”, alega a infectologista.
 
Questionada sobre o papel do Brasil para contenção do Coronavírus, Luciana Sgarvi recomenda mais atenção à população. 
“Ainda não temos a certeza da capacidade de transmissão. Não se sabe a capacidade de transmissão humano ao humano. A velocidade é desconhecida. O Brasil precisa ter rigor, principalmente por parte da população, na conscientização de quem esteve em lugares de risco se identificarem para permanecerem em quarentena”, finaliza a doutora.
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