Uma equipe de cientistas conseguiu prolongar a vida de camundongos mais velhos usando infusões de sangue jovem. A técnica une vasos sanguíneos de dois animais e levou os mais velhos a viver de 6% a 9% mais — o equivalente a seis anos extras para um ser humano.
Embora o estudo ainda não aponte para um tratamento semelhante para pessoas, pesquisadores sugerem que o sangue de camundongos jovens contém compostos que promovem a longevidade.“Acho que é um coquetel útil”, disse James White, biólogo celular da Duke University School of Medicine e autor do novo estudo.
O que aconteceu no experimento
- Depois do procedimento, os cientistas observaram os animais para ver quanto tempo eles viveram.
- Os pesquisadores não apenas descobriram que os ratos velhos viviam mais, mas também que o curso do envelhecimento parecia mudar.
- Após separar os ratos velhos, os cientistas analisaram marcadores moleculares no sangue e fígado, que agem como um relógio biológico de um animal.
- Esses relógios pareciam ter “parado”. Dois meses depois, os marcadores mostraram os animais mais velhos como “mais jovens” que camundongos não tratados da mesma idade.
- “Reiniciamos a trajetória do envelhecimento”, disse o Dr. White.
Os camundongos jovens também foram afetados pela união: “Os camundongos jovens envelhecem rapidamente”, disse Vadim Gladyshev, especialista em relógios biológicos da Harvard Medical School e também autor do estudo publicado nesta quinta (27) na revista Nature Aging.
Próximos passos
- Agora, o Dr. White e seus colegas estão realizando experimentos para entender o que pode estar retardando o envelhecimento em camundongos velhos. “Estamos caçando os comos e os porquês”, disse.
- Os efeitos de longo prazo do experimento sugerem ao Dr. White que a causa não pode ser atribuída apenas às células dos camundongos jovens rejuvenescendo as velhas.
- Depois que os cirurgiões separaram os camundongos, os camundongos velhos perderam seu suprimento de células jovens, mas não retornaram ao seu estado anterior.
- Uma possibilidade é que compostos nocivos nos animais velhos sejam diluídos pelo sangue dos ratos jovens.
O sangue jovem também pode conter moléculas que reprogramam as células dos camundongos velhos, de modo que elas continuam se comportando como células mais jovens depois que os animais são separados.
E os humanos?
Por ora, Gladyshev não vê o novo estudo como justificativa para usar injeções de soro humano jovem em outras pessoas. “Para mim, é muito estranho pensar que poderia funcionar”, disse.
Alguns médicos inclusive aproveitaram esses resultados preliminares e começaram a oferecer injeções de plasma sanguíneo para tratar demência e outras doenças em idosos. A Food and Drug Administration (FDA) emitiu um alerta contra esses tratamentos em 2019, dizendo que eles “não têm benefícios clínicos comprovados e são potencialmente prejudiciais”.]
Pesquisa de longa data
- A ideia também não é exatamente nova. Na década de 1950, Clive McCay, da Cornell University, usou a mesma abordagem chamada parabiose para explorar o envelhecimento.
- Eles juntaram ratos jovens e velhos costurando seus flancos para que os capilares da pele se unissem.
- Mais tarde, McCay e seus colegas examinaram a cartilagem dos ratos velhos e concluíram que ela parecia mais jovem.
Via: The New York Times