A inflamação persistente da mucosa do nariz e dos seios paranasais, com duração maior ou igual a 12 semanas, é denominada rinossinusite crônica. É uma doença complexa e que envolve fatores genéticos, imunológicos, ambientais mucosos e anatômicos, mas sua etiologia ainda precisa ser esclarecida.
Foram identificados muitos fatores potenciais contribuintes, inclusive respostas alérgicas, batimento ciliar da mucosa nasal prejudicado, dificultando assim a eliminação do muco, disfunção imune, defesa epitelial prejudicada, micróbios e exposição ambiental. Há fortes evidências para a implicação de fatores genéticos, sendo o gene mais estudado o da fibrose cística, que frequentemente está associada à sinusite crônica.
No entanto, são necessários mais estudos para determinar o papel dos fatores genéticos e sua interação com esses fatores contribuintes no desencadeamento da patologia em questão.
Para fazer o diagnóstico de sinusite é necessário que pelo menos um dos sintomas a seguir estejam presentes:

  • Obstrução ou congestão nasal
  • Secreção nasal (gotejamento nasal anterior ou posterior)

Associado a um ou mais dos sintomas abaixo:

  • Dor ou pressão facial
  • Redução ou perda do olfato

Em crianças, a tosse deve ser incluída como um sintoma. O exame de endoscopia nasal pode evidenciar a presença de pólipos nasais (PN) e/ou secreção mucopurulenta, principalmente do meato médio, e/ou edema/obstrução da mucosa no meato médio. As alterações na tomografia computadorizada (TC) incluem alterações da mucosa e podem auxiliar na decisão cirúrgica.
Apresenta uma prevalência mundial estimada em 12% da população, com um impacto socioeconômico substancial e inclui não apenas os custos médicos (visitas, exames, medicação), mas também os custos para a sociedade e a economia, inclusive alta morbidade, faltas no trabalho e baixo desempenho escolar.
Em uma escala de como esta doença pode afetar a qualidade de vida, pode ser comparada à lombalgia e doença pulmonar obstrutiva crônica. Através do exame de nasofibroscopia, realizado em consultório, a sinusite crônica pode ser dividida em rinossinusite crônica com (RSCcPN) ou sem (RSCsPN) pólipos nasais. A primeira é frequentemente associada com redução/ perda de olfato, enquanto dor/pressão facial é o principal sintoma na sinusite sem pólipos. Adicionalmente esta doença pode ser caracterizada como rinossinusite fúngica alérgica, doença respiratória exacerbada por aspirina e/ou fibrose cística. De fato, uma categorização ou subanálise adicional de casos poderia ajudar a identificar os diferentes mecanismos desencadeantes da RSC e melhorar o tratamento.

TRATAMENTO
A terapia de primeira linha para RSC é a corticoterapia tópica. O tempo mínimo é de oito a 12 semanas de tratamento. O resultado esperado inclui redução da inflamação na mucosa nasal, alívio da congestão nasal e diminuição de pólipos nasais. Corticoide sistêmico pode ser utilizado em casos bastante severos, especialmente se houver pólipos refratários à terapia tópica.
Nestes casos, a corticoterapia sistêmica por períodos curtos pode auxiliar na rapidez de melhora dos sintomas. Uma conduta simples e eficaz capaz de auxiliar no tratamento é a lavagem de narinas como solução salina, podendo ser utilizado soro fisiológico aplicado com auxílio de uma seringa, que deverá ser descartada semanalmente, para evitar contaminação. Uma solução caseira, de baixo custo, pode substituir o soro fisiológico.

SOLUÇÃO CASEIRA

  • 1 litro de água fervida ou filtrada
  • 1 colher de chá de bicarbonato de sódio
  • 1 colher de chá de sal

Pode ser utilizada para lavar a narina duas vezes ao dia, também com o auxílio da seringa para aplicação. Antibióticos não são utilizados rotineiramente. As medidas comportamentais (lavagem de narinas e cessação do tabagismo) são as de maior impacto para qualidade de vida, prevenção de recorrências e complicações.
A cirurgia pode estar indicada em casos refratários, que não respondem ao tratamento clínico e, atualmente, é realizada por vídeo-endoscopia, liberando as vias de drenagem para facilitar a utilização de soro fisiológico e /ou medicação tópica para prevenção da recorrência.

SAIBA MAIS
A otorrinolaringologista Vanessa Ramos Pires Dinarte (CRM 109244) é doutora pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – USP. Diretora do Ambulatório Médico de Especialidades Mário Covas – FAMEMA. Atende na Clínica Pires Dinarte, que fica na Rua Coronel José Brás, 975. Telefone (14) 3301-9176. E-mail: piresdinartesaude@uol.com.br. Instagram: @vanessadinarteotorrino

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