A ação estética da toxina botulínica é amplamente conhecida e divulgada, sendo um dos tratamentos mais procurados no Brasil. Contudo, poucas pessoas sabem que, antes mesmo de contribuir para deixar a pele com aspecto mais jovem, reduzindo rugas e linhas de expressão, a toxina já era usada com finalidades terapêuticas. Assim como abordado na última edição, na qual pontuamos seu uso para combater hiperidrose (sudorese excessiva) outra condição que pode ser beneficiada com a aplicação da toxina botulínica é o bruxismo.
Com diversas causas possíveis, tais como estresse, ansiedade, má oclusão dentária, o bruxismo é uma desordem funcional que se caracteriza pelo apertamento ou ranger dos dentes durante o sono. A pressão feita pelos músculos da boca pode comprometer os dentes e gengivas, além de poder causar problemas ósseos e articulares, que têm sintomas como as dores de cabeça tensionais, outras dores orofaciais e também fadiga durante o dia.
A toxina botulínica atua entre o músculo e os nervos, que passam a enviar menos informações para o músculos, causando o relaxamento. Por isso a toxina se torna uma grande aliada no tratamento de distúrbios como o bruxismo. Ela age paralisando o músculo de forma segura, sem comprometimento dos movimentos da boca. O tratamento é simples e eficiente, com injeções de agulha fina – como a usada na aplicação de insulina – feita em alguns pontos estratégicos, em ambos os lados da face, reduzindo a força do apertamento e trazendo alivio para o paciente.
Os pacientes costumam relatar melhoras consideráveis a partir da primeira semana de aplicação. O tratamento permite uma reeducação da musculatura, sendo possível dispensar muitas vezes o uso das placas noturnas que são usadas para reduzir o apertamento durante a noite, além de reduzir também o uso de medicações para alívio dos sintomas, como os relaxantes musculares, por exemplo, que podem trazer prejuízos em longo prazo.
Assim como o uso estético, na aplicação terapêutica a toxina também tem período de atuação de quatro a seis meses. Para potencializar o resultado, garantindo que a toxina estará no organismo pelo máximo de tempo possível, é recomendado associar a aplicação com a suplementação de zinco. A correta posologia e o período de uso serão indicados pelo profissional responsável.
SAIBA MAIS
Ademir Viana (CRM 191.593) é médico formado pela Unimar. É residente em Anestesiologia na Santa Casa de Misericórdia de Marília e pós-graduando em Dermatologia Estética pelo ISMD – Instituto Superior de Medicina. Atende na Clínica Roberta Franklin, que fica na Avenida Cristo Rei, 05.