Referência no Estado de São Paulo, a Santa Casa de Misericórdia de Marília já realizou 18 transplantes renais nos primeiros nove meses de 2019, sendo todos de doadores já falecidos. Este pioneirismo regional teve início há 37 anos e durante este período, aproximadamente 700 procedimentos do gênero foram feitos no hospital mariliense, sob o comando do médico nefrologista José Cícero Guilhen.
A Santa Casa de Marília é ligada à Central de Regulação de Transplantes de Ribeirão Preto, que determina os procedimentos a serem feitos a partir das compatibilidades sanguínea e tecidual entre doador e receptor de órgãos, respeitando uma lista de espera de pacientes que fazem hemodiálise ou diálise peritonial.
Mais de 90% dos transplantes são realizados através do SUS (Sistema Único de Saúde). Aliás, isso só não acontece quando o paciente prefere fazer o procedimento via convênios ou planos de saúde.
TERAPIAS RENAIS SUBSTITUTIVAS
A Santa Casa de Marília também é referência em terapias renais substitutivas. Mensalmente, o hospital realiza 2.500 sessões de hemodiálise, em média e acompanha aproximadamente 100 pacientes que fazem diálise peritonial, com máquina automatizada instalada na casa do paciente e com o acompanhamento da equipe de enfermagem da Nefrologia do hospital.
São exatamente estes procedimentos que ajudam os pacientes a manterem suas funções renais até que sejam chamados para o transplante de rim, levando-se em consideração que a maioria dos casos têm indicação para a realização do procedimento.
TRANSPLANTADOS
Pacientes que fizeram transplantes de rins relataram o que mudou na vida delas após o procedimento feito pela equipe de Nefrologia da Santa Casa de Marília.
A dona de casa, Raquel Lima Dias de Jesus, de 35 anos, fez o transplante renal em junho deste ano e desde então a vida dela mudou para melhor. “Sou de Adamantina. Fiquei oito anos fazendo hemodiálise na Santa Casa de Marília, após uma atrofia nos dois rins por causa de uma infecção de urina. Tinha muita falta de ar, mas graças a Deus isso acabou. Posso beber água, comer carne vermelha. Enfim, agora vou poder conhecer o mar”.
Já a estudante Jéssica da Silva Barbosa, de 18 anos, fez diálise peritonial por cinco anos com o acompanhamento da Santa Casa de Marília e há oito meses recebeu dois rins. “Sempre fui muito bem atendida aqui no hospital. Sou muito grata a toda equipe. Hoje posso ficar mais no sol, comer de tudo, inclusive enroladinho de presunto e queijo, que eu adoro e também beber mais água”.
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
Mesmo com a realização de campanhas por todo o Brasil, a recusa das famílias pela doação de órgãos de falecidos ainda é de 40%. Com a crescente demanda por transplantes, a fila de espera tem aumentado. Hoje, cerca de 30 mil pessoas esperam por transplantes renais em todo o País.
O caminho é conscientizar as pessoas sobre a importância de comunicar aos seus familiares a vontade de ser doador de órgãos.
A Santa Casa aderiu ao Setembro Verde, com diversas atividades para estimular a doação de órgãos. Palestras no hospital e em escolas, pedágio de conscientização e a 2ª Caminhada pela Vida, que levou aproximadamente 200 pessoas à avenida das Esmeraldas.
CIHDOTT DA SANTA CASA
A criação da Cihdott (Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante) na Santa Casa de Marília atendeu a Portaria nº 905 do Ministério da Saúde, de 16 de agosto de 2000, que determinou a composição das referidas comissões em todos os hospitais públicos, privados e filantrópicos do País.
A Cihdott é formada por equipe multiprofissional da área de saúde e tem como objetivo organizar, no âmbito da instituição, rotinas e protocolos que possibilitem o processo de doação de órgãos e tecidos para transplantes.
Em 2015, a Cihdott da Santa Casa de Marília passou por uma reestruturação. Grupo de enfermeiras passou por capacitação técnica e iniciou o processo de enucleação – retirada do globo ocular para a captação de córneas, além de um trabalho mais intenso junto à Central de Transplantes de Órgãos.
Total de 25 órgãos (coração, rins, fígados, pulmões e córneas) foram captados com o auxílio da Cihdott na Santa Casa de Marília em 2018. Nos primeiros nove meses de 2019, o hospital já realizou 13 captações (fígado, pulmões, rins e córneas).