São poucos os lugares no mundo que podem concorrer com a grande diversidade geográfica do Chile. Este país, comprido e estreito, oferece uma geografia variada: o deserto do Atacama ao norte, a cordilheira dos Andes a leste, o oceano pacífico a oeste e a Antártida ao sul, tudo moldurado por centenas de vales, rios, lagos e vales salpicados de vulcões, águas termais, geiseres, bosques, regiões úmidas, tudo dentro de 4.300 quilômetros de comprimento e não mais de 117 km de largura.
Na região central, 11.525 hectares de uvas viníferas de alta qualidade aproveitam os dias ensolarados e as noites frescas, o clima mediterrâneo, uma grande variedade de solos e, ainda, talentosos enólogos, ou seja, tudo que é preciso para produzir uma ampla gama de vinhos extraordinários.
A zona tradicional do vinho chileno é a grande e fértil planície do centro do país, conhecida como “Vale Central”, onde as uvas crescem bem e amadurecem facilmente. A procura constante por novos Terroirs leva os enólogos a experimentar novas cepas plantadas em lugares de clima mais fresco.
Assim, há vinhedos que sobem até o pé dos Andes, outros que se estendem até o Pacífico, uns a 2.000 metros de altura (Elqui), a quatro quilômetros do oceano (San Antonio); ou ao norte, em direção às regiões montanhosas semiáridas e outros ainda até os extremos agrícolas na região austral.
A praga da filoxera
Ninguém sabe porque, mas o Chile se salvou dela, que na segunda metade do século XIX dizimou praticamente todas as videiras do velho mundo vitivinícola. Pode ter sido por seu isolamento geográfico, ou talvez alguma particularidade de seu solo ou clima. O importante é que as videiras do Chile, ao contrário de outras ao redor do mundo, não necessitam ser enxertadas para enfrentar esta praga. Suas raízes penetram profundamente o solo e permitem que suas parreiras produzam a fruta com a mais fiel expressão de seu Terroir.
AS REGIÕES VITIVINÍCOLAS DO CHILE
Vale do Elqui
Região mais setentrional, inclusive com vinhedos a 2.000 metros de altura. Sua combinação única de geografia, geologia e fatores climáticos produz vinhos que surpreendem pelo frescor e aroma, incluindo um Syrah impressionante e único e também um Sauvignon Blanc.
Vale do Limarí e do Choapa
A brisa do mar refresca esta área seca e calorenta. Muito sol, verões sem chuva e primaveras sem geadas, contribuem para vinhos tintos complexos e brancos frescos, como Syrah e Chardonay. A região é protegida pela Cordilheira dos Andes. No vale do Choapa destaca-se um Syrah único.
Vale do Aconcágua
É o último vale transversal antes de começar o grande Vale Central. Águas puras, clima estável e baixo risco de geadas geram condições muito boas para a viticultura. Tradicional região de tintos, também está destacando-se nos brancos.
Vale do Casablanca
Com sua forte influência marítima e seu clima fresco é reconhecida por seus Chardonay, Sauvignon Blanc e Pinot Noir.
Vale de San Antonio/Leyda
É a região do vinho chileno mais próxima ao mar. A escassez de água doce, as baixas temperaturas e a fluidez do solo dificultam para a videira. Produz interessantes Chardonay, Sauvignon Blanc, Pinot Noir, e um vibrante Syrah, com alta acidez e um caráter mineral.
Vale do Maipo
Conhecido especialmente pelo seu excelente Cabernet Sauvignon, é uma das regiões mais tradicionais e destacadas do Chile.
Vale do Cachapoal/Rapel
Localizado a 100 quilômetros ao sul de Santiago, apresenta longa história agrícola. A grande amplitude térmica e os solos pobres produzem muitos vinhos premium, com destaque para o Cabernet Sauvignon, e premiados Carmeneres.
Vale do Colchagua/Rapel
Tradicionalmente celebrada por seus vinhos maduros e encorpados, produz Cabernet Sauvignon, Carmenere e Syrah excepcionais, assim como um dos melhores Malbecs da América do Sul.
Vale do Curicó
Cultivando suas uvas há mais de 150 anos, tem a Cordilheira dos Andes, com seus vulcões adormecidos pelo lado oriental, e a Cordilheira da Costa bloqueando a influência marítima. A consequência é uma bem marcada oscilação térmica, especial para desenvolver o sabor e o aroma dos vinhos.
Vale do Maule
É a maior região vitivinícola do Chile, e ao mesmo tempo, um baluarte da tradição e centro de inovações. Produz vinhos com verdadeiro sentido de Terroir.
Vale do Itata
Por aqui entraram os primeiros parreirais do país, há cerca de 460 anos, fazendo deste vale a região vitivinícola mais antiga do novo mundo. Seus verões quentes e invernos chuvosos representam desafios, superados pela moderna tecnologia.
Vale do Bíobío e Malleco
Estas áreas remotas interessam cada vez mais. Apesar dos ventos fortes, da alta precipitação, do risco de geadas e das temperaturas oscilantes, os resultados são interessantes com Chardonay, Sauvignon Blanc e Pinot Noir.
(fonte “www.winesofchile.org” e “www.prochile.cl”)
9º Wines of Chile em São Paulo
O hotel Unique, de São Paulo, foi palco da 9º edição do Wines of Chile. O evento foi promovido pela “Wines of Chile”, com apoio do ProChile – escritório comercial do Chile no Brasil, na capital paulista. Tive a oportunidade de participar e provar 41 vinhos (sem engoli-los), todos de muito boa qualidade.
Segue a relação dos vinhos que mais gostei, na sequência em que fui degustando:
- Aresti Codigo de Família 2012
- De Martino la Cancha Cabernet Sauvignon 2015
- Lahuen 2016
- Carmem Gold Reserve Cabernet Sauvignon 2013
- Purple Angel 2016 – Santa Carolina VSC 2015
- Enclave 2013
- Memórias 2015 Viña El Principal
- El Principal 2014
- Santa Rita Triple C 2014
- Santa Rita Casa Real 2013
- Maquis Franco 2013
- Casas Del Bosque Pequeñas Producciones Syrah 2015
- Tres Palacios Family Vintage Merlot 2017
Destaques de qualidade e ótimos custos-benefícios:
* Vinícola “Três Palácios”
Fui muito bem recebido pelo “Chief Winemaker” Camilo Rahmer, que conduziu-me na degustação dos rótulos “Três Palácios Family Vintage Merlot 2.017 “ e o “Cholqui 2.017”. Dois ótimos tintos. Destaque especial no “custo-benefício” para o “Três Palácios Family Vintage Merlot 2017” com seu característico, constante e muito bom Merlot que, ano a ano, sedimenta cada vez mais sua ótima qualidade.
* Vinícola Perez Cruz
Com a presença do “Chief Winemaker” Gérman Lyon , degustei os rótulos Pircas Cabernet Sauvignon 2015, Chasky Petit Verdot 2015, Liguai 2015 e o Quelen Special Selection 2013. Safra a safra, mantém a regularidade com ótimos vinhos, aliado a muito bom custo-benefício.