Um dia desses, num sábado, às dezoito horas e seis minutos, recebi pelo WhatsApp, uma mensagem de um amigo, dizendo – Meu amigo, por falar em saudades, por onde anda você? Uma mensagem, que poderia passar despercebida, entre tantas, que recebemos cotidianamente. Mas uma frase, inserida na mensagem, chamou-me à atenção – Por onde anda você?
Quem hoje em dia, diante dos afazeres, que nos faz escravos do relógio, se daria ao trabalho de se lembrar de alguém? Com certeza, poucos! Muitas vezes, precisamos acionar o botão de emergência, como esses, que existem no painel dos elevadores, em busca de alguém para compartilhar nossas agruras. Um amigo (a), com quem você possa partilhar as dúvidas, sanear as tristezas, acalmar a insegurança, aplacar o medo.
Que possa lhe acolher, dar uma sugestão, um conselho, diante do desconhecido. Um ombro amigo, um colo acolhedor, desses que só uma mãe poderia ser para um filho ou para uma filha, diante dos desafios em que a vida nos coloca diariamente. Nestes momentos de incerteza, uma simples presença do nosso lado, já seria mais que o suficiente, para abrandar o desânimo que nos assola.
Por vivermos muitas vezes numa metrópole, distante da casa dos nossos pais, da vida tranquila de uma cidade do interior, em que nascemos e crescemos, nos faz sentir um estranho no ninho. A ponto de experimentar o desconforto de um friozinho na barriga, uma sensação de borboletas no estômago. Advindos de uma rotina de vida, demasiadamente agitada, caótica, estressante.
Apesar de serem entusiasmante, as novas experiências e as novas oportunidades, não deixam de trazer uma certa insegurança emocional. Mas, como na vida nada é eterno, devido ao fato de evoluirmos diariamente em todos os sentidos, inevitavelmente constatamos com certa frequência, uma tendência a mudar de opinião, sobre uma série de acontecimentos. Como numa guerra, onde somos bombardeados diariamente.
Como seria possível, querer que tudo continuasse exatamente igual, no decorrer da nossa idade cronológica e biológica, se a nossa própria existência pode ser breve ou longa, neste plano terrestre. Vivemos em constante e eterno movimento, interligados pelo passado, presente e futuro, considerando que nada será igual para sempre, a partir da nossa chegada a este mundo.
Têm dias, em que acordamos indispostos e desanimados, sem vontade de sair da cama, depois de uma noite mal dormida, repleta de sonhos indecifráveis e inexplicáveis, que nos passa o pressentimento, de que algo vai acontecer, mas que não conseguimos identificar. Quando a situação parece sair do controle, precisamos agir rápido.
Por estarmos muitas vezes distante da realidade, é preciso sair do automático, desviar um pouco a rota e ir em busca de um porto seguro. Sair andando sem um destino pré-estabelecido, sem lenço e sem documento, pode ser a solução. Sem receio, devemos criar coragem e tocar a campainha, na expectativa de ver a porta se abrir, ao depararmos que estamos passando em frente à casa de um amigo ou amiga.
Um sorriso, um abraço e o convite a entrar, para uma conversa agradável e descontraída, na companhia de um cafezinho e de um bolo de fubá. Pronto! Parece que o dia amanheceu e os raios solares surgiram no horizonte, trazendo consigo, uma disposição renovada em continuar
à caminhada, em busca dos objetivos. Mesmo sabendo que o futuro é uma incógnita, em termos do que nos espera.
Quem sabe, uma mensagem idêntica à está que recebi, de um amigo (a) do nosso círculo de amizades, marcando um encontro num shopping. Uma conversa amistosa e despretensiosa, na companhia de um chopinho gelado. Pronto! Parece que a noite floresceu e o céu emoldurou-se de estrelas, oferecendo um admirável e renovado alento.
Não importa as circunstâncias! Se amigo ou amiga! O importante é a companhia e a certeza de que nem tudo está perdido. Saber de antemão, que eles estarão sempre de plantão, dispostos a nos acolher, ajudar a superar aqueles dias, em que parece que as nuvens negras, se alojaram sobre nossas cabeças.
Você tem dúvidas, de que a amizade verdadeira, vai além de um simples encontro na padaria, no shopping ou no supermercado, por ser uma forma gratuita de amor?

Carlos R. Ticiano é
advogado, romancista
e colunista.
cr.ticiano@gmail.com

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