Andando pelos corredores de um shopping, próximo de uma livraria, percebi caído no chão, uma revista de histórias em quadrinhos. Por trazer na capa, a ilustração de uma jovem bonita e atraente, não resiste a minha curiosidade e abaixei-me para apanhá-la, com o objetivo de encontrar a provável pessoa, que à teria perdido.

Sem saber por onde começar, resolvi entrar na livraria, na intenção de que alguma funcionária, pudesse me dar uma pista. Uma delas respondeu – Vendemos várias dessas revistas diariamente, no entanto, me recordo de uma jovem bonita e elegante, que dizia estar atrasada para um encontro. Mas não posso afirmar, que foi ela que perdeu à revista.

Indeciso, diante do que fazer, resolvi caminhar até a praça de alimentação e entrar em uma cafeteria, para ler à revista e tomar um cafezinho. De fato, uma revista em formato de quadrinhos, narrando a história de Annie, uma inglesinha romântica, perdida no metrô (The Underground), da cidade de Londres.

Submergido totalmente no roteiro da história, percebi que num dos quadrinhos, a personagem Annie, aparecia como que, olhando-me fixamente. Talvez, traído pela minha imaginação, tive um breve pressentimento, de que Annie, de forma afetuosa, sorriu, piscou um olho e enviou-me um beijo. Diante do que meus olhos, supostamente estaria presenciando, fiquei sem nenhuma reação momentânea.
Olhei então para os lados, na intenção de descobrir, se alguém como eu, também poderia ter visto a tal cena. Em vão, apenas eu vivenciava o fato. Misteriosamente, me senti sugado para dentro das páginas da história em quadrinhos, como que se estivesse atravessado o túnel do tempo. Tendo-me do seu lado, Annie foi logo dizendo – Preciso sair desse romance fictício, onde me encontro aprisionada, pelo autor desse texto.

Por favor, me ajuda! Considerando, que de certa forma, passei a fazer parte daquela história, narrada numa revista em formato de quadrinhos, exclamei – Como posso lhe ajudar? Com um sorriso amável, Annie, respondeu – Vamos sair das páginas dessa revista e desse metrô. Sem saber como tudo começou e como exatamente terminaria, saímos caminhando sem destino pelas ruas de Londres.
Andando de mãos dadas, como um casal de namorados, decidimos conhecer os pontos turísticos da cidade de Londres. Passamos pelo Palácio de Westminster, com sua conhecida torre, ostentando o famoso relógio Big Ben; pela Abbey Road, rua onde se encontra a famosa faixa de pedestre, usada na foto da capa do álbum dos Beatles; pela Catedral de São Paulo, onde foi realizado o casamento do Príncipe Charles com a Princesa Lady Di.
Pelo Palácio de Buckingham, residência oficial da Rainha Elizabeth II; pelo Tower Bridge, transpondo o rio Tâmisa, com sua ponte levadiça; pelo London Eye, a terceira maior roda gigante do mundo, oferecendo uma vista panorâmica da cidade; pelo Museu de Londres, mostrando a história da capital britânica, da pré-história até os dias de hoje.
Passando em frente à uma banca de jornais e revistas, nos demos conta de que o nosso passaporte, para voltarmos cada qual, para o seu mundo, era a revista em quadrinhos, que ficará em um banco qualquer, da estação do metrô. Desesperados, saímos quase que correndo, com o objetivo de voltar o mais rápido possível e encontrar à revista.

De volta ao metrô, começamos a procurar pela revista, como quem procura pelo mapa de um tesouro. Cansados e sem ter conseguido encontrá-la, sentamos em um banco e começamos a pensar, como faríamos para retornarmos à história em quadrinhos. Quando para minha surpresa, Annie exclamou – Olha! A revista está jogada no cesto de papel.

Imediatamente, pegamos a revista e nos vimos diante de um dilema – Como vamos fazer para retornarmos para as páginas da história em quadrinhos? Nesse momento, um segurança do metrô veio em nossa direção, dizendo – Vocês me parecem suspeitos. Deixe-me ver os seus passaportes! Sem saber o que responder, saímos correndo para nos desvencilharmos do segurança.

Sentados em um outro banco, exclamei – Annie, você precisa voltar para o seu mundo virtual e eu, para o meu mundo real. Tenta se lembrar, de que forma você me trouxe para esse seu mundo teórico. Deixe-me tentar, respondeu Annie! Desta vez, vou segurar a revista aberta, como se eu à estivesse lendo e me concentrar. Se imagine voltando no tempo.

Salte a imaginação e você vai estar novamente na cafeteria, como se nada tivesse acontecido. Quanto a você, Annie? Não se preocupe, não vou perdê-lo de vista! Na hora certa, eu apareço! Como que saindo de um transe, com a sensação de que tudo não passou de um sonho, encontrei-me lendo a revista novamente.

Neste instante, percebi alguém se aproximar – Você por um acaso é o rapaz que encontrou uma revista, próximo da livraria? Surpreso, diante da semelhança demasiada, com a personagem da história, respondi – Sim! Só não sabia como encontrá-la! Aqui está a sua revista! Agradecida, tomou à revista em suas mãos, deu um sorriso e disse – Meu nome é Annie! Qual é o seu?

Carlos R. Ticiano é advogado, romancista e colunista.
cr.ticiano@gmail.com

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Artigo por Carlos R. Ticiano – Romance em quadrinhos