* Por João Evaristo
Parte importante da população humana declara-se pertencente a alguma “RELIGIÃO“. Historicamente, estima-se que estas estejam presentes na raça humana há uns 10.000 ou mais anos, desde o homem pré-histórico do Paleolítico, onde possivelmente havia uma “Religião Natural” (da natureza) denominada “xamânica“, que fudamentava-se na crença de um “mundo invisível” que cercava o “mundo visível”, e também na possibilidade de CO-municação com tais “forças invisíveis”, no sentido de que houvesse algum tipo de ligação entre os mundos “visível” e “INvisível”. Desde aqueles tempo, o humano já carecia de “explicações” sobre a vida : quem eu sou ? de onde eu vim ?; para onde eu vou ?; etc …
Neste contexto, valem algumas considerações sobre a palavra “RELIGIÃO“.
Segundo a “fonte Wikipedia”, RELIGIÃO por definição é um” sistema sociocultural de comportamentos, práticas, moralidades, crenças, visões de mundo, textos considerados sagrados, lugares santificados, profecias, ética ou organizações, que geralmente relacionam a humanidade com elementos sobrenaturais, transcendentes e espirituais, no entanto, não há consenso acadêmico sobre o que precisamente constitui uma religião.”
A palavra RELIGIÃO vem do latim “RELIGIO” , que, para os autores latinos antigos, NÃO tinha o significado de hoje. Estava ligada à escrúpulo, consciência, exatidão, lealdade, dentre outros…
Marco Túlio CÍCERO (3/1/106a.C – 7/12/43a.C.) afirmava que o termo “religio” derivava de “RELEGERE“, religião romana baseada na escrupulosa observância do rito.
Lúcio Célio Firmiano LACTÂNCIO (240d.C – 320d.C.) afirmava que o termo derivava de “RELIGARE”, agora relacionado ao pensamento cristão quanto à natureza da relação de fé instaurada pelo cristianismo entre o nível humano e o nível divino.
Ambrósio Teodósio MACRÓBIO (370d.C. – 430d.C.) afirmou que o termo derivava do latim “RELINQUERE“, com sentido de deixar(-se), abandonar(se).
Santo Agostinho (13/11/354d.C. – 28/8/430d.C.) apesar da propenção pelo “relegere”, retoma Lactâncio, reforçando a “ligação amorosa entre Deus e os homens“.
Cerca de 8 séculos depois, Santo Tomás de Aquino (1225d.C. – 7/3/1274) vai na “mesma direção“.
Nos sécs. XVIII e XIX, pegando carona na crítica “iluminista”, o termo “religião” PERDE a visão positivista e passa a ser utilizada com sentido funcionalista (funções das religiões nas sociedades humanas), ou até pejorativo, com teorias materialistas, que, como vemos, em muitas delas PERDURAM até hoje.
Dos conceitos modernos, vale lembrar Voltaire (21/11/1694 – 30/5/1778), que propõe para o termo religião uma definição substantiva (a religião COESSENCIAL à vida humana), associada à visão FUNCIONAL. É (ou deveria ser) o EXERCÍCIO da justiça, da tolerância e da humanidade.
Ele ainda CONDENAVA as religiões estabelecidas, mas não a fé racional. Entendia que a RAZÃO provava a existência de Deus, única explicação possível do mundo.
Quanto à religião, ela seria “NECESSÁRIA” ao povo, mas, segundo ele, deveria abolir os dogmas, as cerimônias, e se definir não como um sistema teológico, mas como uma Instituição de Estado.
Nos dias atuais, muito se especula sobre o tema “RELIGIÃO”:
– uns brandam que “são eles os legítimos herdeiros de Jesus”;
– outros quebram icones religiosos de outras religiões;
– há discursos como se a “outra” Religião fosse concorrente;
– dentre outros …
Neste “Espírito de Seita”, quase sempre, os humanos acabam fechando-se sobre si mesmo !
Para os que REALMENTE creem em algo como uma “Força Superior”, parece ser urgente o “ESPÍRITO de COMUNHÃO“, de “DIÁLOGO” e o “RESPEITO” entre as ditas “comunidades religiosas”.
Para mim, e somente para mim, sem nenhuma intenção de mudar, ou influenciar, as opiniões de outras pessoas, é bastante claro que a “Salvação” NÃO é privilégio de uma ou outra Religião. Ela(“Salvação”) estende-se a todos, e depende basicamente de QUERERMOS ou NÃO sermos salvos”.
A grande questão (para os que creem) vai por conta de: será que a VERDADEIRA “Salvação” NECESSARIAMENTE PRECISA da presença de uma ou outra Religião ? Será que a “Salvação” não estaria MUITO mais relacionada à ESPIRITUALIDADE de cada um, e NÃO à RELIGIÃO ?
Será que necessitamos, para nossa “VERDADEIRA SALVAÇÃO”, passarmos por uma “institucionalização da fé“, através das “Religiões” ?
Será que precisamos de um “manual” de “REGRAS (algumas delas baseadas no MEDO), CERIMÔNIAS e RITUAIS“, para sermos salvos ?
Será que se formos pessoas “DO BEM“, não praticarmos as mais variadas formas de “CORRUPÇÃO“, formos pessoas VERDADEIRAMENTE ÉTICAS“, com condutas MORAIS direcionadas ao ALTRUÍSMO, à ALTERIDADE , etc … ja não estaremos atuando de maneira a CONSUMAR nossa SALVAÇÃO ?
Ótima semana !
João Evaristo e família