Temos dificuldade para entender as coisas espirituais com simplicidade. O Natal é uma delas. Temos dificuldade de entender Deus no traçado cotidiano de tarefas comuns e habituais. Mas quando Deus se torna homem, o que celebramos no Natal, ele está assumindo o corriqueiro. O escritor Max Lucado imagina e escreve um diálogo entre José e Deus, pontilhado de decepções e dúvidas, por não entender que Jesus se torna homem para assumir o jeito humano de ser: “Não foi assim que eu planejei, Deus. De jeito nenhum. Meu filho nascendo num estábulo? Não foi assim que eu imaginei que seria. Uma gruta com ovelhas e jumentos, feno e palha? Minha esposa dando à luz com somente as estrelas para ouvir a sua dor? Não foi assim que eu imaginei. Não, eu imaginei família. Eu imaginei avós. Eu imaginei vizinhos na porta e amigos ao meu lado. Eu imaginei a casa ecoando com o primeiro grito do bebê. Tapinhas nas costas. Grandes gargalhadas. Júbilo. Foi assim que eu imaginei que seria. Mas, agora…Quem vai comemorar conosco? As ovelhas? Os pastores? As estrelas? Isso não parece certo. Que tipo de marido sou eu?”
Você entendeu o quanto temos a tendência a complicar as tentativas divinas de comunhão? Complicamos a religião dogmatizando e encaixotando os valores da fé ingênua. Roubamos a espontaneidade da comunhão com Deus quando complicamos os rituais de um coração voluntário. Impomos fardos e culpas com uma extenuante lista de jargões que insistimos em chamar de “orações”. Enfim, vale o dito “Para que simplificar, se dá para complicar?” O Natal é mais uma dessas mensagens simples que recheamos de prolixidades a ponto de embaçarmos a essência. A mensagem é simples: no primeiro Natal Deus veio até nós e se fez um de nós. Quem sabe seja o momento de desembaraçarmos nossa espiritualidade e aceitar o jeito simples de Deus chegar até nós com manjedoura, ovelhas e feno ao invés de palácio. Um Feliz Natal 2023!!
Rev. Marcos Kopeska Paraizo
IPI Chapadão do Sul
