O Dia Mundial da Religião

No ano de 1949, nos EUA, indivíduos pertencentes à –FÉ BAHÁ’Í-, uma religião fundada por MIRZÁ HUSAYN-‘ALI (Teerã 12/11/1817-Acre 29/05/1892) e autoproclamado Bahá’u’lláh, no século XIX, e considerada, segundo a fonte Wikipédia, a mais jovem das grandes religiões mundiais, realizaram uma “Assembléia Espiritual Mundial”, onde sugeriram a criação do ‘DIA MUNDIAL (ou Internacional) da RELIGIÃO“.

Bahá’u’lláh, era um líder religioso persa que vivia na região que hoje pertence ao Irã, que, à época, estava sob domínio do Império Otomano.

A –fé bahá’í– é uma religião monoteísta que surgiu na região da Pérsia, no século XIX, por influência da mensagem religiosa de Bahá’u’lláh. Esse líder religioso era um seguidor de outro importante líder da época – Báb

No Brasil, a comunidade bahá’í começou a deitar raízes em 1921 com a chegada, no litoral baiano, de Leonora Holsapple, conhecida como Leonora Armstrong, que fazia parte dos bahá’í dos EUA. No mundo, aponta-se a existência de milhões de bahá’í espalhados por diferentes países. A sede da fé bahá’í está localizada em Haifa, que fica no Estado de Israel, porque é lá que estão os restos mortais de “Báb”, o profeta que foi o antecessor de Bahá’u’lláh.

Julgando-se um Profeta, Bahá’u’lláh tinha como certa sua missão de criar uma “RELIGIÃO MUNDIAL” que congregasse todas as outras religiões. Idéia FANTÁSTICA ! Seus discipulos tiveram a intenção, com a criação deste “DIA“, concretizar seu projeto.

Na essência, acreditando que a “fé religiosa” deriva de um ÚNICO Deus, pensavam que somente a UNIÃO (desprovida de PRÉ-conceitos)  entre as diversas religiões, convivendo harmoniosamente,  poderia levar à PAZ MUNDIAL

Nesta Assembléia ficou definido que o terceiro domingo do mês de janeiro seria dedicado ao “Dia Mundial da Religião“, seria portanto uma data móvel, que mudaria todos os anos.

Como aqui no Brasil comemora-se, no dia 21 de janeiro, o “Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa“, convencionou-se por aqui, comemorar-se o “DIA  MUNDIAL da RELIGIÃO” juntamente com esta data.

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O que nem todo mundo sabe é que a palavra “RELIGIÃO” nem sempre teve o significado que tem hoje.

Etimologicamente, Religião procede do latim “religio“, que, para os autores latinos antigos, estava ligado à escrúpuloconsciênciaexatidãolealdade, dentre outros.

Em sua evolução conceitual histórica, podemos ressaltar os pensadores descritos a seguir.

Marco Túlio CÍCERO (3/1/106a.C – 7/12/43a.C.) afirmava que o termo “religio” derivava de “relegere ” (religião romana baseada na escrupulosa observância do rito).

Lúcio Célio Firmiano LACTÂNCIO (240d.C – 320d.C.) afirmava que o termo derivava de “religare”, agora relacionado ao pensamento cristão quanto à natureza da relação de fé instaurada pelo cristianismo entre o nível humano é o nível divino.

Ambrósio Teodósio MACRÓBIO (370d.C. – 430d.C.) afirmou que o termo derivava do latim “relinquere” (deixarabandonar).

Santo Agostinho (13/11/354d.C. – 28/8/430d.C.) apesar da propenção pelo “relegere”, retoma Lactâncio, reforçando a ligação amorosa entre Deus e os homens.

Santo Tomás de Aquino (1225d.C. – 7/3/1274) vai na mesma direção.

Nos sécs. XVIII e XIX, pegando carona na crítica iluminista, o termo religião PERDE a visão positivista e passa a ser utilizada com sentido FUNCIONALISTA (funções das religiões nas sociedades humanas) ou até pejorativo, com teorias materialistas, que, como vemos, perduram até hoje.

Dos conceitos modernos, vale lembrar Voltaire (21/11/1694 – 30/5/1778), que propõe para o termo religião uma definição SUBSTANTIVA (a religião coessencial à vida humana), associada a uma visão FUNCIONAL. Seria o exercício da justiça, da tolerância e da humanidade.
CONDENAVA as religiões estabelecidas à época, mas NÃO a fé racional. Pensava ele que a “RAZÃO” PROVARIA a existência de Deus, única explicação possível do mundo.
Quanto à religião, ponderava que seria NECESSÁRIA ao povo, mas deveria ABOLIR os dogmas, as cerimônias, e se definir não como um sistema teológico, mas como uma Instituição de Estado.

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Sem desprezar possíveis críticas aos variados tipos de pensamentos sobre o tema, o “DIA MUNDIAL da RELIGIÃO” e o “DIA NACIONAL de COMBATE à INTOLERÂNCIA RELIGIOSA” representam, para todos nós (crentes ou não), uma IMPORTANTE oportunidade para refletirmos sobre o assunto. 

Ótima semana !
João Evaristo e família

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“Dia Mundial da Religião”. Confira na coluna de hoje da João Evaristo