A mulher é comprovadamente mais zelosa com a saúde. Cuida de si e dos outros – de sua família e amigos. Dados do Ministério da Saúde mostram que 80 milhões de mulheres a mais do que os homens foram a consultas médicas em 2017.
Toda mulher deve ter uma rotina de fazer exames ginecológicos, no mínimo, uma vez por ano, independente de ter ou não vida sexual ativa, de ter algum sinal, queixa ou sintoma ginecológico. Muitas patologias são ‘silenciosas’, por vezes complexas e de rápida evolução, por isso é importante a ida anual ao médico. “Se não buscar por exames clínicos e exames complementares, a pessoa não fica sabendo que pode estar desenvolvendo alguma doença assintomática. Quando começa a ter sinais de que algo não vai bem, às vezes, pode haver um problema já instalado e ter consequências maiores”, alerta a Dra. Mariliz Lima, ginecologista e obstetra.
A médica lembra que, em geral, a triagem feminina é feita pelo ginecologista. “Hoje em dia, as mulheres são muito atarefadas e muitas preferem – em vez de se dividir em consultas com diversas especialidades -, concentrar sua avaliação integral com o ginecologista, que acaba se tornando o gestor de saúde da paciente, tendo a visão do todo. Casos que necessitam de outros conhecimentos e expertises, o ginecologista direciona para os devidos especialistas, ressalta Dra. Mariliz.
A consulta ao ginecologista prevê anamnese, exame físico, coleta de material do colo de útero (cotologia oncótica), entre outros. Dentro de sua competência de gestão da saúde da mulher o médico solicita exames complementares, de acordo com critérios clínicos bem estabelecidos e objetivando sempre o melhor desfecho, tais como: ultrassom da tireoide, das mamas, total do abdômen – que mostra fígado, pâncreas, baço, vesícula, rins e bexiga – e transvaginal (exame com potencial para verificar se a mulher tem câncer de ovário, doença muitas vezes sem sintoma). O ginecologista também analisa exames de sangue que dão uma base geral do estado da paciente, que abrange o hemograma, colesterol, triglicérides, além dos que verificam a situação do fígado, rins, tireoide. Para quem tem mais de 40 anos, é protocolar adicionar-se a mamografia. “Enfim, uma análise sistêmica importantíssima para a saúde feminina”, afirma.

Adolescente
De acordo com a Dra. Mariliz, as meninas, normalmente a partir dos 13 anos, não consultam mais com o pediatra e podem ficar sem nenhuma avaliação médica. É interessante que sejam analisadas por ginecologista para conversar, fazer exame físico, tirar dúvidas, dar orientações fundamentais para este momento de vida, fazer exame de sangue, de imagem, entre outros. “Quando vem uma adolescente ao consultório, deixo à escolha dela e da mãe se a conversa será individual ou acompanhada. E se a decisão for separada, caso necessário, peço autorização para a filha para falar algo para mãe, na sua presença. Atitudes assim geram confiança entre todos”.

Melhor idade
Mariliz dá ênfase ao atendimento a pacientes geriátricas, dedicando uma atenção especial às mulheres acima dos 60 anos. Segundo a médica, são consultas que levam mais tempo, em que as pacientes precisam de ajuda para subir na mesa e ficam encabuladas para fazer os exames. “Inclusive eu uso um espéculo, que é o instrumento para fazer exame ginecológico, específico para quem tem mais de 65 anos”, salienta.
Mariliz finaliza: “a mulher mais vivida, às vezes, nem se consulta para fazer exames, mas porque precisa conversar, tirar dúvidas e receber esclarecimentos. Nesta fase da vida, o foco é outro e a visão, diferente. E confesso: adoro atender estas clientes”, observa.

*Mariliz Regina Antunes Lima é graduada em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1990, com especialização em ginecologia e obstetrícia; pós-graduada em Reprodução Humana; Mestrado em cirurgia pela Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná; Especialista em Gestão de Saúde pela Fundação Dom Cabral. Entre 1996 e 2019, atuou em Brasília-DF. Desde 2019, passou a atender também em Campinas-SP.

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Mulheres precisam de atenção  médica em todas as fases da vida