Ah, a vida moderna! Uma verdadeira montanha-russa de emoções, aplicativos de namoro e taxas de natalidade em queda livre. Lembro-me de uma época em que as famílias eram tão grandes que até o cachorro parecia um primo de terceiro grau. Hoje, porém, a história é bem diferente. Vamos embarcar nessa jornada hilária e ao mesmo tempo realista sobre o fenômeno das famílias em miniatura, casamentos tardios e o isolamento dos adultos e idosos.

Era uma vez, em um reino distante chamado Portugal, onde o número de pessoas com 100 anos ultrapassou as 3.000. Sim, você leu certo! Parece que eles descobriram a fonte da juventude, ou melhor, da longevidade. Enquanto isso, o restante da população anda se casando cada vez mais tarde. Ah, o amor em tempos de aplicativos de namoro! Antigamente, um olhar atravessado no baile da escola já significava casamento. Hoje, a gente escolhe o par com tanto cuidado que parece estar montando um quebra-cabeça de 5.000 peças.

Filhos? Só no Final da Lista
A geração atual parece ter invertido a ordem natural das coisas. Antes, as pessoas se casavam cedo e tinham filhos aos montes. Hoje buscam-se estabilidade financeira, posição social, noites com amigos, maratonas na Netflix. Agora, o que vemos são casais que colocam filhos no fim da lista, logo depois de “comprar uma bicicleta ergométrica” e “finalmente aprender a fazer risoto”. E quem pode culpá-los? Crianças são ótimas, mas não vêm com manual de instruções e definitivamente não têm botão de desligar.

A Solidão dos Super-Sêniores
Enquanto os jovens estão ocupados escolhendo entre mil opções no Tinder, nossos idosos estão cada vez mais sozinhos. Mais de 2,5 milhões de portugueses têm 65 anos ou mais, e muitos deles vivem sozinhos. Portugal é o quarto país da União Europeia com maior percentagem de idosos solitários. Parece até uma versão realista e um tanto melancólica de um filme do Woody Allen, onde a comédia é fina, mas a realidade é dura.

Se você pensa que estamos exagerando, saiba que hoje em Portugal há 2,6 indivíduos em idade ativa por cada idoso. Há 20 anos, esse número era de quatro para cada um. É como se estivéssemos jogando um jogo de “batalha naval” onde cada vez mais navios estão afundando. E, claro, apenas dois municípios, Lagoa e Ribeira Grande, nos Açores, têm mais jovens do que idosos. É quase como se tivessem descoberto um elixir secreto da juventude que só funciona nesses lugares.

Mas nem tudo está perdido! Há uma nova tendência que é, no mínimo, interessante: os casamentos entre estrangeiros quase duplicaram na última década. Parece que, se os locais não estão interessados, sempre há alguém do outro lado do mundo pronto para dar o nó. Afinal, o amor não conhece fronteiras, mas conhece bem o Google Tradutor.

O Isolamento: Uma Piada Triste
No final das contas, o que podemos fazer diante dessa nova realidade? Talvez a resposta esteja em encontrar um equilíbrio entre a busca pela independência e o reconhecimento de que, no fundo, todos precisamos de um pouco de companhia. Pode parecer uma piada, mas a solidão não é algo com que se deva brincar.

Então, da próxima vez que você encontrar um idoso solitário ou um casal sem filhos, lembre-se: a vida é uma comédia trágica escrita por um humorista que, por acaso, se chama Destino. E enquanto rimos dessa situação, que tal fazermos algo para mudar esse roteiro?

Gregório José é Jornalista/Radialista/Filósofo, Pós Graduado em Gestão Escolar, Ciências Políticas, Mediação e Conciliação e com MBA em Gestão Pública

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Artigo: “Um retrato cômico da nova realidade social”. Pelo filósofo Gregório José