Diante das últimas notícias no cenário internacional, aumenta a possibilidade da aproximação de uma segunda onda do Covid-19 em nosso país. Perante o exposto, percebemos o impacto dessa situação na saúde mental da população, que se mostra temerosa e enfraquecida por se perceber mais uma vez refém e impotente em meio à força da natureza e às consequências por ela geradas.
O regime de isolamento social reatualiza uma das questões centrais do ser humano a respeito de limitações. Perante aquilo que não temos a possibilidade de controlar, nos entendemos partidos, furados, vazios. Nossa impotência fica em evidência desencadeando comportamentos e afetos negativos em relação às nossas potencialidades.
Entretanto, temos como nossos grandes aliados nesse momento aqueles que moram conosco. A consciência de que passamos pela mesma complexidade une as pessoas e desperta novas maneiras de vinculações. Não é incomum ouvirmos como esse tempo estendido em casa possibilitou uma maior interação de pais, que usualmente passariam o dia inteiro longe, com seus filhos.
Além disso, pessoas que estavam desconectadas por conta dos seus próprios afazeres se encontram cada vez mais unidas em prol do melhor funcionamento da rotina doméstica. Nesse sentido, o suporte que a família fornece a cada um de seus integrantes tem um impacto decisivo na capacidade de enfrentamento das dificuldades, mesmo diante de tantos obstáculos que se apresentam.
De certo, 2020 nos trouxe muitas reflexões. Nele enfrentamos com maior proximidade nossa impermanência e percebemos o quão curta nossa vida pode ser. Talvez por isso, tenhamos nos apoiado tanto naqueles que nos conhecem mais para superar obstáculos. Cabe ainda lembrar que a privação de nossas escolhas traz um impacto profundo em nosso mundo psíquico. Contudo, podemos sempre aproveitar da sustentação familiar para transcender, com a finalidade de não renunciar à liberdade mental, face às novas possibilidades que se apresentam.

Bruna Richter é graduada em Psicologia pelo IBMR e em Ciências Biológicas pela UFRJ, pós graduanda no curso de Psicologia Positiva e em Psicologia Clínica, ambas pela PUC. Escreveu livros infantis: “A noite de Nina – Sobre a Solidão”, “A Música de Dentro – Sobre a Tristeza” e “ A Dúvida de Luca – Sobre o Medo”. A trilogia versa sobre sentimentos difíceis de serem expressos pelas crianças – no intuito de facilitar o diálogo entre pais e filhos sobre afetos que não conseguem ser nomeados. Inventou também um folheto educativo para crianças relacionado à pandemia, chamado “De Carona no Corona”. Bruna é também uma das fundadoras do Grupo Grão, projeto que surgiu com a mobilização voluntária em torno de pessoas socialmente vulneráveis, através de eventos lúdicos, buscando a livre expressão de sentimentos por meio da arte. Também formada em Artes Cênicas, pelo SATED, o que a ajuda a desenvolver esse trabalho de forma mais eficiente.

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A importância da família como sustentação mental para uma possível nova onda de covid-19
O suporte que a família fornece tem impacto decisivo na capacidade de enfrentamento das dificuldades