A palavra meditação vem do latim meditare, que significa “voltar-se para o centro no sentido de desligar-se do mundo exterior” e “voltar a atenção para dentro de si”. Nas mais diversas tradições, a meditação sempre foi praticada e esteve ligada ao processo de autoconhecimento, trazendo clareza e sabedoria aos que a praticavam. Além de todos os benefícios mentais colhidos pela meditação, a prática constante pode ser uma grande aliada para melhorar o desempenho de exercícios físicos.
É certo que a meditação tem papel crucial na manutenção da nossa saúde física e mental, explica Sandra Paoleschi, professora de yoga da Cia Athletica Granja Vianna. “O tema já vinha crescendo no meio científico antes mesmo da pandemia, e agora nessa crise mundial que nos encontramos, está realmente em evidência. Neste sentido, a prática constante nos auxilia nas atividades rotineiras, no trabalho, estudos e também nos exercícios físicos”.
De acordo com Paoleschi, os resultados de quem medita com frequência são surpreendentes e vão além dos benefícios físicos, como baixa de pressão arterial, controle de doenças psicossomáticas e diminuição de dores crônicas.
A professora explica que, a meditação atua na melhora do funcionamento do cérebro, aumentando a capacidade de concentração e relaxamento, o que pode melhorar a qualidade do sono. “A concentração é uma ferramenta crucial para diversas atividades que desempenhamos e quando melhoramos essa capacidade, nossas atividades físicas são muito melhor aproveitadas. Além disso, com uma melhor qualidade de sono, acordamos com mais disposição e, consequentemente, todas as atividades, incluindo a física, terão melhor desempenho”, explica.
A meditação na prática
Após a prática frequente, o atleta começa a inserir a meditação de forma inconsciente em suas atividades, elevando mais seu desempenho a aproveitando os benefícios do exercício. “Um surfista ao entrar no mar, por exemplo, ao esperar a onda ou quando está surfando nela, está em um estado meditativo e consegue focar apenas naquele momento, assim como a bailarina quando está no palco e um corredor em uma pista”, exemplifica a professora.
O entrar em uma postura de yoga e o permanecer nela também é um exemplo de meditação, desde que se esteja presente no momento presente, não só com o corpo físico, mas com o mental, o intelectual e o espiritual.
Portanto, é possível carregar os princípios da meditação para qualquer prática de exercício e esporte, aumentando a concentração, resistência à dor e, consequentemente, aumentando o desempenho daquela atividade.
Meditar não é “pensar em nada”
A ideia de que meditar é evitar o pensamento é distorcida. Paoleschi explica que basta perceber os pensamentos e não criar identificação com eles. Isso traz uma grande tranquilidade que se reflete num ganho de saúde, qualidade de vida e produtividade.
Qualquer pessoa pode meditar, desde que entenda que o processo será gradativo e cada um seguirá de acordo com sua capacidade. É necessário apenas estar em uma postura firme e confortável (pode ser em uma cadeira, uma almofada ou diretamente no chão, isso vai depender do seu hábito).
“Para um iniciante, é fundamental saber que, no começo, meditar é apenas aprender que está sentado como um observador dos pensamentos. Aos poucos, entende o que é observar sem criar ação nesses pensamentos e, a partir dessa experiência, verá que há um intervalo entre um pensamento e outro e assim vai descobrindo que há algo além dos nossos pensamentos, há uma consciência maior além desses turbilhões de pensamentos”, explica.
A disciplina é a mais poderosa chave para a meditação. Sentar para meditar todos os dias por cinco ou dez minutos já é uma mudança de atitude. “Aos poucos o praticante começa a perceber a raiz dos hábitos, tornando mais fácil remover um hábito negativo, melhorando a capacidade do que você vê, escuta e se relaciona com o mundo, percebendo o que precisa trabalhar sobre si mesmo”, conclui.
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