Hoje em dia, fazer um detox pode significar sair das redes sociais por um tempo. Ao voltar, mesmo que após um curto período, a sensação é de que você estava fora de órbita – literalmente. Nas redes sociais, novas funções, que prometem tudo mais rápido, melhor e mais bonito, surgem o tempo todo. E é aí que mora o perigo.
O Instagram, que é o quarto aplicativo mais baixado e usado no mundo, funciona como um grande álbum de fotos, e as pessoas se esforçam para que até as que duram apenas 24 horas estejam “perfeitas”, com filtros. Não é de hoje que eles existem. Mesmo lá em 2010, no lançamento do app, já era possível editar digitalmente as cores e os efeitos sobre as imagens. Mas foi no Snapchat que os filtros em realidade virtual (VR) se popularizaram. A brincadeira “despretensiosa” de tirar uma foto usando orelhinhas de cachorro, óculos grandes e adereços coloridos de forma virtual, logo ganhou o poder de afinar o nariz, preencher a boca, alisar o rosto, trocar a cor do cabelo e maquiar a pele com apenas um toque.
Não demorou muito até que pesquisas realizadas no mundo inteiro apontassem que mulheres abaixo dos 30 anos estavam entrando nos consultórios em busca de procedimentos estéticos e cirúrgicos que as deixassem “melhor” nas selfies. O padrão de beleza inatingível – que as revistas causavam há 10 anos -, deu lugar ao seu próprio rosto, mas retocado por uma edição irreal. “É muito comum as pessoas chegarem nos consultórios dizendo que não conseguem mais tirar fotos sem filtro, ou pedir para ficar com o nariz, a boca, a pele que aparece quando elas usam esses retoques digitais”, conta o dermatologista Thiago Vinicius Ribeiro Cunha, do Espaço Arquétipo.
Agora, o sinônimo de beleza, especialmente para as gerações Y e Z, parece estar atrelado a este ajuste, desfoque. A pressão para postar a “selfie perfeita” está prejudicando a autoestima e a confiança das pessoas. Então, como, quando e o que é possível fazer com isso tudo? Eu te respondo: com reflexão, agora, começando por você mesmo. Para encontrar a beleza que habita em seu corpo é preciso, primeiro, aceitar as marcas e o tempo. O processo de autoconhecimento e autoaceitação está inteiramente ligado a isso.
“Existe uma pressão muito grande que leva as pessoas a se compararem umas com as outras. E as mídias sociais reforçam isso, porque o tempo inteiro é proposto um modelo a se seguido: de vida, de corpo, de rosto, qual que é a roupa que você deve vestir, a aparência que você deve ter… E isso vai gerando nas pessoas uma pressão para trazerem para si aqueles elementos que, geralmente, são acolhidos pela sociedade”, comenta o psiquiatra e psicanalista Adilon Harley Machado da Silva, do Espaço Arquétipo.
Os influenciadores e a responsabilidade sobre o outro
No final de 2019, o Instagram anunciou a proibição de filtros que deformassem os rostos. Mas isso não impede que você esconda ou transforme detalhes na sua pele. Na Noruega, por exemplo, os influenciadores digitais não podem mais postar conteúdos publicitários que tenham algum tipo de edição de imagem – mesmo que apenas por meio de filtros – sem avisar os seguidores.
É preciso cuidar de si de fora para dentro – com esse conceito que os médicos Thiago e Adilon Harley criaram o Espaço Arquétipo, que abre as portas no Centro Histórico de São Paulo com o intuito de trabalhar estética e saúde mental de maneira conectada para descomplicar a mente e cuidar da pele com individualidade e exclusividade. Juntas, as áreas se encontram na interface do “eu” com o universo. “O arquétipo, daí o nome do nosso Espaço, é a totalidade, o belo e o feio, o certo e o errado, que se complementam para nos revelar que, bom mesmo é quando a gente se conhece por fora e por dentro. É um mecanismo livre de todos os julgamentos”, finalizam os médicos.