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Quem reside em casas ou apartamentos que ficam próximos à vias movimentadas, sabe que o barulho de buzinas, ruído de carros e toda a poluição sonora da rua são inevitáveis e acabam tirando a tranquilidade dos moradores. Porém, um bom projeto de isolamento acústico pode contribuir para o bem-estar da casa e proporcionar momentos de relaxamento, além de evitar que sons produzidos internamente, como de sapatos batendo no piso, aspirador ou uma pequena reunião de amigos, não incomodem os vizinhos.
Como em algumas situações somos nós que produzimos os ruídos, o isolamento acústico é benéfico para todos ao redor, principalmente para quem mora em apartamentos onde o condomínio possui regras em relação ao barulho”, comenta a arquiteta Isabella Nalon, à frente do escritório que leva o seu nome. Além disso, melhora significativamente a qualidade de vida, pois ao suavizar ou bloquear os barulhos, contribui para a melhoria do nível de concentração, além da diminuição do estresse e o cansaço mental, criando um espaço mais relaxante.
Móveis estofados, e até mesmo os quadros, auxiliam na redução de sons indesejados. Na sala de estar, tapete e cortinas também contribuem para a performance acústica | Projeto: Isabella Nalon | Foto: Julia Herman

Planejamento
Antes de realizar qualquer tipo de alteração no imóvel com o intuito de deixá-lo mais silencioso, o profissional de arquitetura deve analisar o contexto, tomando conhecimento dos elementos utilizados na construção, realizando as medições e avaliando as condições de incômodo para os moradores. O projeto precisa ser feito de acordo com a necessidade e o grau de ruído que os ambientes suportam. Em cômodos propícios para o descanso, como sala de estar e dormitórios, o atenuar os ruídos é essencial para relaxamento e concentração, valendo também para áreas de home office. Já em ambientes de passagem e de pouca permanência, os cuidados podem ser menores.
Em situações mais extremas, o projeto pode demandar a realização de um mapa acústico do local para a identificação dos ruídos a serem controlados e a potência sonora. Assim, é possível que o arquiteto à frente do projeto obtenha um entendimento profundo sobre onde estão as maiores concentrações de sons indesejados e aplique as soluções específicas para o isolamento. 
A madeira também auxilia na obtenção do isolamento acústico. Nesta varanda, os móveis e a parede compostos de madeira de demolição cooperam para que o som não reverbere para outros cômodos | Projeto: Isabella Nalon | Foto: Julia Herman
Materiais para o isolamento acústicos
A escolha dos revestimentos ajuda muito no isolamento acústico. No caso dos cômodos que querem uma atenção especial, o ideal é apostar em elementos como pisos de madeira, laminado com manta acústica, vinílico ou carpetes, que também agregam no acabamento deixando o ambiente mais elegante. Na parte do teto, o forro de gesso pode ser executado com lã de rocha ou de vidro, já que absorvem os sons, e podem ser encontrados nos formatos placas ou mantas. Em casas e apartamentos que estão passando por reforma, o mais recomendado é a utilização de argamassa termoacústica que, segundo o fabricante, ajuda a reduzir em até 40dB (decibel) o barulho para o vizinho da laje inferior. O uso de manta acústica, dependendo do material, pode provocar resultados semelhantes.
Alguns tipos de revestimentos não são eficazes em relação ao bloqueio de ruídos, sendo o caso de revestimentos como cerâmicos que ecoam o som. Caso o morador não tenha como substituir esses materiais, investir em janelas e portas especiais que barram o som externo é uma boa alternativa, uma vez que diminuem a intensidade do som. 
Neste apartamento, este cômodo tornou-se a sala de música onde o morador pode tocar sua bateria. Para evitar que o barulho tome conta dos demais ambientes e incomode os vizinhos, a arquiteta Isabella Nalon optou por forrar o piso com uma manta e um carpete bem felpudo. Também foi instalado um tablado emborrachado e mais um tapete no local onde está a bateria eletrônica. Nas paredes, o revestimento de tijolo colabora para que o som se propague para outros lugres | Projeto: Isabella Nalon | Foto: Julia Herman
Os móveis também podem ajudar
Segundo Nalon, o mobiliário contribui para amortecer a propagação do som e, quanto mais pesados e robustos, melhor, uma vez que a onda sonora, quando ultrapassa a densidade do material como a madeira maciça, por exemplo, absorve, perde a intensidade e chega do outro lado mais fraco. Quando posicionados de forma estratégica, os móveis podem prover bons resultados para obter um local com menos barulho e eco. “Podemos observar que quando os cômodos estão vazios acabam ocasionando reverberação, mas as escolhas certas no mobiliário de na decoração colaboram positivamente”, explica a profissional.Já nas paredes, um mural de cortiça auxilia na absorção de ruídos, como também pode exercer a função decorativa ao receber fotos. Outros itens do décor, como tapetes, carpetes, cortinas, almofadas e mantas com tecidos felpudos e macios deixam o ambiente aconchegante e, na somatória, exercem sua contribuição na busca por aliviar o incômodo com o barulho. Nos quartos, a cabeceira estofada também atenua o som e ajuda a ter um sono mais tranquilo. “Para o piso, a arquiteta indica utilizar tapetes e carpetes mais encorpados que, além de compor o décor, favorecem na redução do ruído causado no arrastar de cadeiras e no indesejado toc toc de sapatos”, ressalta Isabella.
Neste quarto de casal, a cabeceira estofada auxilia no isolamento acústico proporcionando uma melhor qualidade de sono para os moradores | Projeto: Isabella Nalon | Foto: Julia Herman
Outras soluções
O morador também pode recorrer a soluções simples para fazer o isolamento em um determinado cômodo. Uma delas é incorporar uma cortina mais densa ou um vidro de dupla camada. Nas paredes de alvenaria, existe a possibilidade de instalar uma segunda ‘camada’ de drywall que na parte ‘oca’ ainda incorpore isolantes como lã de rocha ou de vidro. Apostar em papéis de parede, aplicação de tecido e uma seleção de quadros também ajuda a barra o som vindo de fora. Por conta da espessura e textura, uma seleção bem pensada atua como filtro para que o ruído seja amenizado.
Entretanto, a lista de cuidados se reflete em alguns ‘poréns’. A arquiteta detalha que não adianta ter uma casa com portas de madeira maciça e janelas com isolamento se elas estiverem abertas. “E como uma demanda puxa a outra, esses ambientes fechados podem sofrer com o aumento da temperatura. Por isso, a necessidade da instalação de um aparelho de ar condicionado”, alerta.
Experiente, a arquiteta Isabella Nalon faz um alerta. Segundo ela, não adianta incorporar materiais com características para o isolamento acústico, sem antes realizar o projeto e o cálculo com um profissional especializado. Também não se deve deixar frestas e espaços em portas, janelas e outros vãos por onde o som possa escapar. “O segredo é incorporar no projeto produtos adequados para cada cômodo, sempre contando com mão de obra especializada e com materiais de boa qualidade”, finaliza Isabella. 

Sobre a arquiteta Isabella Nalon
Com uma carreira sólida e experiência proveniente de mais de 20 anos de trabalho, Isabella Nalon percorreu uma trajetória de muitos estudos e pesquisas na área de Decoração e Arquitetura. Sua experiência atuando como arquiteta na Prefeitura da cidade de Münster, na Alemanha (1997), ajudou a criar uma visão plural e ampla de diferentes culturas e públicos, o que se tornou um diferencial em seu percurso profissional. Em 1998, inaugurou seu escritório em São Paulo e se especializou em projetos arquitetônicos residenciais, comerciais e de decoração de interiores. Frequentemente, tem projetos reconhecidos e publicados por renomados portais e revistas de arquitetura e decoração, consolidando o escritório na lista dos mais importantes da capital paulista. 
Instagram: @isabellanalon
Site: www.isabellanalon.com
Linkedin: Isabella Nalon
Tel.: (11) 94453-5500
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