O primeiro secretário da diretoria da Associação Comercial e Industrial de Marília, Gilberto Joaquim Zochio, acredita que o sistema do Cadastro Positivo passa a entrar em uma nova fase a partir da inclusão de dados das contas de luz até o fim de março. Segundo o dirigente mariliense existe a expectativa, também, da entrada de informações das contas de gás, água e esgoto, além de dados sobre boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) de empresas, ainda em 2022. “Isso quer dizer que o lojista terá mais informações do cliente no momento e conceder crédito na hora de vender”, falou o diretor da associação comercial. “Com mais informações confiáveis, as chances de inadimplência são menores”, acredita ao ser favorável ao Cadastro Positivo para o varejo em geral, tanto para pessoas físicas como jurídicas.
O sistema que vem crescendo nos últimos meses, pois, quanto mais informações na base de dados, melhor, de modo a produzir uma análise mais eficaz do risco de crédito, servindo de alternativa à “lista de negativados” e beneficiando bons pagadores com melhores condições de empréstimos. “Certamente é melhor trabalhar com pessoas confiáveis do que suspeitas”, acredita o lojista e dirigente que prefere trabalhar com o cadastro positivo do que com o negativo. “O positivo é o normal, enquanto que o negativo é mais precaução e evitar perdas em vendas mal feitas”, comparou ao dizer que até o final do ano passado, as avaliações praticamente só contavam com dados do sistema financeiro. “Só em setembro, o Cadastro Positivo passou a incluir dados das empresas de telecomunicações”, lembrou Gilberto Joaquim Zochio. Mesmo assim, pesquisa do Banco Central e dos birôs de crédito, que transformam os dados em pontuação de risco de crédito, apontam redução média de 10,4% nas taxas cobradas e melhora das notas, desde que a adesão passou a ser automática, em 2019.
De acordo com a Associação Nacional de Bureaus de Crédito (ANBC) contabiliza que os inscritos no Cadastro Positivo saíram de 6 milhões, em 2017, para mais de 100 milhões atualmente, sendo 95% pessoas físicas. A expectativa é de que o número chegue a 150 milhões, com a inclusão das contas de luz, gás, água e esgoto. Por outro lado, os pedidos para retirada de dados somam 360 mil, segundo a Boa Vista, um dos quatro birôs registrados pelo BC como gestores de banco de dados (GBDs) do Cadastro Positivo. Segundo Dirceu Gardel, presidente da Boa Vista, com a entrada de informações de telecomunicação, estima-se que 9 milhões de CPFs entraram no mercado, com a possibilidade de ter acesso ao crédito. “Bancos e empresas de varejo que vendem a crédito não tinham acesso a essas pessoas”, falou o representante da Boa Vista. “São pessoas que não são “bancarizadas”, mas que têm emprego, pagam suas contas de telefone e tudo mais”, acrescentou.
Na opinião do presidente da associação comercial de Marília, Adriano Luiz Martins, mesmo que o cadastro não esteja completo, Banco Central e os birôs já encontram efeitos positivos. Pesquisa divulgada recentemente com cerca de 2 mil consumidores, a Boa Vista reportou queda média de 10,4% das taxas cobradas no crédito pessoal não consignado, mesmo resultado apontado para redução média do spread (diferença entre a taxa que o banco cobra do cliente e a que ele paga na captação dos recursos) nessas operações no relatório do BC de maio de 2021. “Isso quer dizer que o crédito fica mais fácil e confiável, e mais dinheiro para a circular no varejo em geral”, disse animado ao defender, também, uma maior utilização do Cadastro Positivo.

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CADASTRO POSITIVO – Sistema passa a ter força nas decisões de crédito
Só em setembro, o Cadastro Positivo passou a incluir dados das empresas de telecomunicações