Estudos encomendados pelo setor de transporte coletivo no Brasil e nos EUA buscam comprovar que o ônibus não é um dos principais vetores de contaminação da COVID-19. A cidade de Marília, que transportava até 50 mil pessoas por dia em janeiro e durante a pandemia oscilou em torno de 8 mil pessoas por dia, é um exemplo disso. Em cinco meses de pandemia, a Associação Mariliense de Transporte Urbano informa que apenas um motorista contraiu o novo coronavírus e por causa do contato com familiar contaminado na capital.

Um levantamento realizado pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) também desconstrói essa percepção de que o ônibus apresenta alto perigo de contágio. A pesquisa mostra que enquanto a quantidade de pessoas utilizando o transporte público aumentava na Região Metropolitana do Recife durante as últimas semanas epidemiológicas (de 24 de maio até 31 de julho), o número de óbitos e casos do coronavírus reduzia.

Estas análises ajudam o setor a tirar o medo das pessoas de andar de ônibus, inclusive com exemplos de outros países que já constataram esta situação. É o caso da cidade de Nova York, nos EUA, onde apenas 4% das pessoas contaminadas pela Covid-19 afirmaram usar o transporte coletivo diariamente, demonstrando que os índices de contaminação no transporte público têm sido baixos.

Outro levantamento que também quer tirar o medo da população foi o realizado pela Universidade de Caxias do Sul (RS), que constatou que o volume de circulação de ar por pessoa dentro de um ônibus chega a ser 67% superior do que o exigido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para renovação de ar em estabelecimentos comerciais como bancos, supermercados, academias, aeroportos, entre outros locais.

A universidade realizou a pesquisa para a Marcopolo – uma das maiores do setor na produção de carrocerias, chassis e tecnologia de sistemas. Os pesquisadores apontam que os equipamentos de renovação instalados nas carrocerias permitem uma taxa de admissão de ar externo compatível com diversos ambientes especificados pela ABNT. E se as janelas estiverem abertas é ainda melhor.

Em Marília, por decreto, o transporte chegou a ser suspenso por completo. Depois foi autorizado somente para profissionais de saúde, até ser liberado também para profissionais que estão trabalhando, mas restringindo o acesso a estudantes e idosos, por fazerem parte do grupo de risco. Tantas mudanças e alertas estão afastando o público do transporte coletivo, por medo de serem contaminados.

Já as concessionárias do transporte em Marília destacam que desde o começo da pandemia vêm adotando medidas rígidas para se evitar o contágio entre passageiros e também entre os motoristas. As empresas realizam a higienização diária dos ônibus, orientam sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras e ainda fornecem álcool gel tanto nos veículos como no terminal do centro.

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Transporte coletivo de Marília perde clientes, mesmo seguindo imune ao novo coronavírus