São muitos os nomes dados para o cocô, mas todos eles têm em comum o fato de que são usados para denotar coisas sujas e que cheiram mal, afinal as fezes fedem. Mas por que o cocô, que é o resultado da digestão de alimentos muitas vezes com cheiro bom, cheira tão mal?
Por que cocô fede?
Embora seja um tema desconfortável, a fetidez associada às fezes é uma consequência natural dos subprodutos da digestão. O processo que começa ainda na boca durante a mastigação, com a liberação de enzimas digestivas da saliva, passa por diversos outros órgãos do trato digestivo onde recebe ainda mais substâncias.
O escatol, também conhecido como 3-metilindol, é um desses compostos que também são responsáveis pelo odor característico das fezes. Sendo produzido por bactérias durante a quebra do aminoácido L-triptofano no trato gastrointestinal.
O nosso organismo é um ecossistema, com mais de 10.000 espécies microbianas em nosso corpo, existem mais células bacterianas do que células humanas em nosso organismo. Esses microorganismos desempenham um papel vital na digestão e são os principais responsáveis pelo odor fecal. Diferentes bactérias liberam gases distintos, dependendo dos alimentos e substâncias que estão metabolizando.
De onde vem o cheiro ruim do cocô, então?
Portanto, o odor forte e característico do cocô depende diretamente do que comemos e da saúde dessa fauna bacteriana no nosso aparelho digestivo. Fatores como hábitos alimentares, consumo de álcool, suplementos e medicamentos podem influenciar o odor fecal. A presença de álcoois de açúcar, como o sorbitol presente em doces, pode intensificar o mau cheiro.
Além disso, alimentos ricos em enxofre – como ovos, brócolis, couve-flor, cebolas e carne – podem contribuir para a produção de gás sulfuroso, conferindo um cheiro característico de ovo podre durante a digestão.
Alimentos altamente processados e ricos em açúcares podem dificultar a digestão, levando as bactérias a produzir mais gases e fezes mais malcheirosas. O consumo excessivo de álcool também pode resultar em fezes com odor forte, prejudicando os intestinos e o processo digestivo. Mudanças repentinas no odor fecal estão geralmente relacionadas a alterações na dieta ou medicamentos, ajustando-se ao longo do tempo.
Contudo, um odor particularmente desagradável, persistente e que não melhora pode indicar problemas de saúde mais sérios. O nosso cocô é uma ferramente bastante importante para detectarmos doenças e problemas de saúde.
Alterações no odor, cor e consistência podem indicar uma série de problemas. Doenças de má absorção, como doença inflamatória intestinal ou doença celíaca, podem comprometer a digestão e absorção adequadas de nutrientes, resultando em odores persistentemente ruins.
Infecções virais ou bacterianas no trato gastrointestinal, distúrbios de motilidade, que causam um esvaziamento mais lento do trato gastrointestinal, prolongando o tempo de fermentação, também podem intensificar o mau cheiro das fezes.
Se um odor incomum persistir, especialmente com sintomas como diarreia, sangue nas fezes, dor abdominal ou febre, é aconselhável procurar imediatamente um profissional de saúde.
Fonte: Olhar Digital. Por João Velozo, editado por Layse Ventura