Foto: reprodução X (antigo Twitter), Poder360

Por Júnior Melo, 24 de fevereiro de 2025

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma das figuras mais emblemáticas da política brasileira, carrega em sua trajetória um capítulo que muitos desconhecem ou lembram vagamente: ele foi reconhecido como anistiado político na década de 1990, um desdobramento da Lei da Anistia de 1979, e até hoje recebe uma pensão especial por ter sido perseguido durante o regime militar. Mas como isso aconteceu e por quê? Vamos aos fatos.

Tudo começou em abril de 1980, quando Lula, então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, liderou uma greve histórica no ABC Paulista. O movimento, que mobilizou milhares de trabalhadores, foi visto como uma afronta ao regime militar. Resultado: Lula foi preso por 31 dias, acusado de “incitação à desobediência coletiva das leis” com base na Lei de Segurança Nacional, instrumento amplamente utilizado para reprimir opositores. Além da prisão, teve seus direitos sindicais cassados e foi afastado do sindicato por intervenção do governo.

A reviravolta jurídica veio em 1982, quando o Superior Tribunal Militar (STM) anulou o processo contra Lula e outros líderes sindicais, reconhecendo que as acusações não se sustentavam. Mas o reconhecimento formal de Lula como anistiado político só se consolidaria anos depois, já na década de 1990, com a redemocratização e a revisão de casos de perseguição pelo regime militar. A Lei da Anistia de 1979, que perdoou crimes políticos e abriu caminho para a volta de exilados, serviu de base para que ele e outros fossem reparados pelos danos sofridos.

Esse status de anistiado político trouxe a Lula um benefício concreto: uma pensão especial, paga até os dias atuais pelo governo federal. A quantia, que já foi alvo de debates públicos, é destinada a vítimas de perseguição do regime militar como forma de compensação. Em 2025, segundo dados oficiais, o valor mensal dessa pensão gira em torno de R$ 30 mil, ajustado ao longo do tempo. Para alguns, é uma reparação justa a um líder que enfrentou a repressão; para outros, um privilégio questionável em tempos de crise econômica.

A história de Lula como anistiado reflete um período turbulento da história brasileira. Sua prisão em 1980 não apenas marcou sua biografia, mas também o consolidou como símbolo de resistência, pavimentando o caminho para a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) em 1980 e sua ascensão à Presidência da República em 2003. Hoje, aos 79 anos, o ex-presidente segue sendo uma figura polarizadora, e sua pensão de anistiado é mais um elemento que alimenta o debate sobre seu legado.

Você sabia dessa história? O caso de Lula é apenas um entre milhares de brasileiros que, de alguma forma, foram impactados pelo regime militar e buscaram reparação na democracia. Um capítulo que, quase cinco décadas depois, ainda ressoa no presente.

Fonte Diário do Brasil

Compartilhar matéria no
Você sabia que Lula foi anistiado nos anos 90 e que recebe pensão até hoje?