O Jornal D Marília foi ao 9° Batalhão da Polícia Militar do Interior, situado na zona Sul de Marília, para uma entrevista especial no Dia Internacional da Mulher. A equipe foi recebida pela Capitão Vanessa Agostinho, que é Comandante da Companhia Força Tática sob a qual estão subordinados o Canil, Cavalaria, Rocam e Pelotão Motorizado
De acordo com a PM, as mulheres correspondem à cerca de 10% do efetivo da Polícia Militar. Para a Capitão Vanessa Agostinho, a mulher tem capacidade para trabalhar onde quiser, basta ter empenho, profissionalismo e dedicação para seguir em qualquer área.
Uma das orientações para quem deseja seguir na carreira militar é o foco, comenta a capitão.
“Atualmente a carreira militar é bastante concorrida. É preciso se preparar, estudar bastante e cuidar da parte física, pois em todas as escolas o físico é exigência. O próprio serviço exige isso. No caso das mulheres, a orientação é mostrar que é o ‘sexo forte’ para conquistar o respeito de todos ao seu redor”, orienta.
Confira a entrevista completa com Vanesssa Agostinho, mãe de dois filhos, o João, de cinco, e a Ana Maria, de dois anos. Ela está no comando da Força Tática desde outubro de 2018 e já atuou como Tenente no Pelotão de Força Tática (2011 a 2012) além do Canil e Cavalaria. Especialista em Cinotecnia, Adestramento, Força Tática e Policiamento em eventos, a Capitão completa neste ano 21 anos de carreira na PM.
Ping-Pong
Existe algum empecilho para mulheres na Polícia Militar?
“Hoje em dia o concurso não tem impedimento. Se a mulher cumprir todas as exigências do concurso não há empecilhos. No passado, na Academia Barro Branco, era limitado o número de vagas para mulheres por questões de aptidões físicas e altura, por exemplo”.
Quando ingressou na carreira militar?
“Eu prestei o concurso em 1998 e comecei a escola em 99. O curso da PM durou quatro anos em SP e sai como aspirante. Fiquei um ano neste posto e trabalhei outro ano na Grande SP, no batalhão Franco da Rocha. Antes de chegar a Marília passei 6 anos em Assis, com uma breve passagem por Tupã. Depois consegui a transferência para Marília, onde estou desde 2011. Assumi o comando da Força Tática em outubro de 2018, mas como tenente já atuei no Canil e na Cavalaria.”
A Capitão já vivenciou algum tipo de preconceito dentro da PM?
“Pode ser que no passado, quando a mulher ainda era uma novidade na PM, isso poder ter acontecido com as pioneiras, no entanto eu nunca tive esse problema. Nunca enfrentei essa dificuldade. Eu acredito que vai muito da mulher. Se ela é profissional, dedicada, mostrar interesse pelo trabalho e não usa a condição de ser mulher para se eximir de responsabilidade – não apenas na PM, também em outros locais de trabalho –, caso ela adote uma ‘postura’ não vai ter nenhum problema. Hoje em dia existem muitas mudanças no mundo e os homens já estão acostumados com a mulher dominar o mundo [risos]”, brincou a Capitão.
E durante o patrulhamento ostensivo, nas ruas, já enfrentou machismo por parte de criminosos?
“Nós tivemos casos da pessoa interpelada se revoltar ou procurar revide por estar com a mulher no comando. A verbalização na abordagem é feita por quem está no comando. Já tive um caso que um indivíduo tentou vir para cima de mim e foi contido. Na ocorrência, o indivíduo tinha tentado matar uma mulher a pauladas. Nossa profissão é uma caixa de surpresas e temos que estar sempre preparados. Quando o indivíduo está sob efeito de qualquer entorpecente tudo se torna imprevisível.”
Algum fato te marcou na carreira?
“Ao longo de 21 anos de serviço passam milhares coisas na cabeça. Na função de Comandante, o nosso verdadeiro desafio é estar sempre motivando os policiais a irem para cima, fazerem o serviço corretamente, o trabalho preventivo e atuarem com respeito à população. São eles que estão na ponta da linha atendendo as ocorrências do dia a dia. É gratificante estar ao lado podendo contribuir para um melhor serviço”.
O que foi satisfatório em sua trajetória?
“Uma satisfação é poder ter trabalhado com animais. É apaixonante o contato. Fico grata por ter tido a oportunidade de me especializar em Cinotecnia e ter trabalhado com o Canil da PM e também com a Cavalaria, onde comandei o pelotão entre 2012 a 2014. Ligado a Cavalaria, sou grata por ter trabalhado no Projeto de Equoterapia, que atende pessoas que fazem terapia a cavalo devido a paralisia e outras síndromes. Acompanhar os pacientes chegarem com determinadas debilidades e após um ano ver o paciente andar, falar e superar suas capacidades…. É fantástico”.