A substância HNK permite que os neurônios voltem a gravar um aprendizado, um processo chamado de consolidação da memória
Um estudo liderado por cientistas brasileiros pode revolucionar a luta contra o Alzheimer. Os pesquisadores desenvolveram uma nova estratégia que pode restaurar a memória dos pacientes acometidos pela doença.
Molécula permite que os neurônios voltem a gravar aprendizados
- Durante os trabalhos, a equipe descobriu que uma substância derivada da cetamina pode restituir a capacidade de produção das proteínas necessárias para a comunicação entre os neurônios no cérebro.
- A molécula HNK (hidroxinorketamina) permite que os neurônios voltem a gravar um aprendizado, um processo chamado de consolidação da memória.
- De acordo com os pesquisadores, se não houver síntese de proteínas, uma pessoa esquece o que aprendeu em até duas horas.
- E é justamente isso que faz com que pacientes com Alzheimer esqueçam de memórias recentes, enquanto podem se recordar de fatos mais antigos.
- As informações são de O Globo.
Substância não permite a recuperação de lembranças perdidas pelo Alzheimer
A pesquisa foi realizada com animais e os pesquisadores acreditam que testes em humanos poderão ser realizados em breve. A ideia é que uma droga a base da HNK poderia fazer com os pacientes não esquecessem mais coisas básicas.
Os cientistas, no entanto, deixam claro que o fato de recuperar a capacidade de memorizar não significa recuperar as lembranças perdidas. O que foi esquecido por conta do Alzhmeir teria que ser reaprendido pelo paciente.
Eles ainda destacam que, diferentemente da cetamina, a HNK não é um anestésico, nem causa dependência ou alucinações. Ela é produzida pelo próprio corpo e age sobre os danos causados pelo Alzheimer e não em suas causas. Já os remédios disponíveis contra a doença atuam sobre as placas de beta-amiloide e podem retardar em até cerca de 30% sua progressão. No entanto, a capacidade de aprender e guardar lembranças não é recuperada.
Além disso, estas drogas só oferecem resultados mais significativos quando a doença é diagnosticada em suas fases iniciais, o que é bastante raro uma vez que o diagnóstico normalmente acontece quando o paciente já está em estágio moderado e com sintomas claros de Alzheimer.
Alessandro Di Lorenzo / Olhar Digital