Pacientes que sabiam que estavam tomando placebo em um estudo apresentaram redução nos níveis de estresse e ansiedade
O poder da mente para se curar já é reconhecido há muito tempo, mas uma nova descoberta levou esse conceito a um nível surpreendente. Pesquisadores descobriram que pílulas de placebo podem reduzir os sintomas de estresse e ansiedade, mesmo quando a pessoa sabe que está tomando um placebo.
Um estudo recente publicado na revista Applied Psychology: Health and Well-Being investigou como essas “pílulas honestas” podem ser uma alternativa útil antes de usar medicamentos prescritos.
Os pesquisadores da Michigan State University, Miami University e University of California-San Francisco realizaram um experimento de duas semanas durante a pandemia de COVID-19 para testar se placebos transparentes poderiam ajudar pessoas com estresse prolongado.
Mais detalhes do estudo sobre pílulas placebo
- O estudo contou com 61 jovens adultos (a maioria mulheres) que relataram níveis moderados de estresse relacionado à COVID.
- Eles foram divididos em dois grupos: um grupo recebeu placebos e o outro grupo não recebeu tratamento.
- O grupo que tomou os placebos assistiu a vídeos explicativos sobre como os placebos funcionam e foi instruído a tomar as pílulas duas vezes por dia durante duas semanas.
- Essas pílulas não tinham ingredientes ativos, apenas substâncias inertes, e os participantes sabiam que estavam tomando placebos, mas foram informados de que poderiam ter efeitos benéficos.
- Os participantes responderam a questionários sobre estresse relacionado à COVID, estresse geral, ansiedade e depressão no início, meio e fim do estudo.
Os resultados foram impressionantes: após duas semanas, o grupo que tomou os placebos relatou uma redução significativa em todas essas áreas comparado ao grupo de controle. Eles experimentaram menos estresse relacionado à COVID, níveis gerais de estresse mais baixos, e menos sintomas de ansiedade e depressão.
Jason Moser, coautor do estudo e professor de Psicologia na MSU, destacou a importância desses resultados. “A exposição prolongada ao estresse pode afetar seriamente a saúde mental, então é animador ver que uma intervenção de baixo esforço pode trazer benefícios significativos”, disse ele.
O que é notável é que essas melhorias ocorreram mesmo sabendo que estavam tomando pílulas inativas, desafiando a ideia antiga de que os placebos só funcionam quando a pessoa é enganada.
O estudo também mostrou que a maioria dos participantes achou fácil e aceitável usar os placebos para controlar o estresse, com uma adesão de cerca de 92% durante as duas semanas.
Essas descobertas são importantes para o tratamento de saúde mental, especialmente em situações onde terapias tradicionais podem ser difíceis de acessar ou demorar muito. Placebos não enganosos oferecem uma alternativa de baixo custo e esforço que pode ajudar a prevenir problemas de saúde mental mais graves.
No entanto, os pesquisadores destacam que mais estudos são necessários para verificar se os placebos não enganosos são eficazes em outras situações de estresse prolongado e para pessoas com condições de saúde mental específicas.
Por Leandro Costa Criscuolo / Fonte: Olhar Digital