Calor, doenças e diminuição da chuva podem aumentar valores da bebida
O calor, a seca e doenças bacterianas estão afetando um produto comum na casa de muitas pessoas: o suco de laranja. A safra da fruta deste ano deve ser a pior em mais de três décadas e os estoques da bebida já estão tecnicamente zerados, o que deve provocar aumento no preço das garrafas.
No Brasil, o aumento nos preços já foi registrado.
Suco de laranja corre risco nas prateleiras dos mercados
A Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) apontou que os estoques de suco de laranja já estão tecnicamente zerados. Isso não significa que você não encontrará mais o produto nas prateleiras.
Em um número ideal de armazenamento fora da época de colheita, o volume de suco deve ser suficiente para durar quatro meses. A conta não bate mais e, por isso, o estoque está zerado.
O último levantamento feito pela CitrusBR, em dezembro do ano passado e divulgado em março deste ano, apontou que o volume está em pouco menos de 464 mil toneladas. Esse número é o segundo pior já registrado, atrás apenas de junho de 2023, quando eram menos de 85 mil toneladas em estoque.
Safra de laranja é a pior em décadas
A situação é consequência do baixo volume de laranjas na safra deste ano. De acordo com o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), essa deve ser a pior colheita em 36 anos, com apenas 232 milhões de caixas (uma queda de 24% em relação à última colheita).
O fenômeno tem alguns motivos:
- As ondas de calor do ano passado coincidiram com as floradas do pomar, momento em que a quantidade de frutas da colheita é definida. Essa é a principal razão para a diminuição da safra;
- As chuvas abaixo da média também prejudicaram o desenvolvimento nesse período. Os irrigamentos não deram conta da situação;
- A união desses dois fatores causou um desequilíbrio hormonal nos frutos, que motivou o baixo rendimento;
- Além disso, segundo a Fundecitrus, cerca de 77 milhões de laranjeira estão contaminadas com o greening, um tipo de bactéria que ataca as árvores e causa a queda prematura ou definhamento dos frutos. A pulverização pode ajudar, mas a doença não tem cura;
- Entre 2022 e 2023, a incidência da doença subiu em 54%, de acordo com o Fundecitrus.
Preços do suco de laranja devem subir
Quando a demanda é maior do que a oferta, o preço do produto tende a subir.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de julho mostrou que sucos de fruta (sem distinção de sabor) ficaram 7,46% mais caros no último ano. O preço da laranja pêra especificamente (a mais popular) subiu 41,12% no mesmo período. A laranja baía encareceu 43,5% e a lima em 40,79%.
Os preços são para o consumidor. Já para indústria, a alta no valor das laranjas foi de 80% em julho deste ano em comparação com o mesmo mês no ano passado, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq – USP).
No entanto, de acordo com o g1, um efeito reverso vem sendo observado. Conforme o suco de laranja e a fruta encarecem, o consumidor passa a considerar alternativas. Ainda assim, a demanda não chega a ficar menor que a oferta e a tendência é o encarecimento.
Isso levanta preocupações do setor sobre em que momento essa queda na demanda vai estabilizar e sobre a compra do suco de laranja brasileiro pela indústria internacional. Atualmente, Europa e Estados Unidos são grandes consumidores do produto.
Como fica no Brasil?
Os levantamentos da CitrusBR são referentes ao engarrafamento de suco de laranja enviados para o exterior. Não há dados específicos do Brasil, já que muitas empresas produzem o suco a partir de plantações próprias.
Vale lembrar também que os preços por aqui também podem subir por conta de demanda plea fruta e os produtos que já foram engarrafados ainda podem ser encontrados nos mercados.
Quando a crise do suco de laranja vai passar?
De acordo com Fernanda Geraldini, pesquisadora de frutas da equipe de hortifrúti do Cepea, ao g1, deve levar até três safras para repor os estoques de suco de laranja. Ou seja, três anos.
Por Vitoria Lopes Gomez / Fonte: Olhar Digital
