O uso de uma pílula específica para dormir reduziu o nível de toxinas causadoras do Alzheimer em uma nova investigação
A relação entre o sono e o Alzheimer já é bem conhecida na ciência. Os distúrbios do descanso noturno é um elemento que pode preceder outros sintomas da Alzheimer e também é um fator de risco. Ou seja, quanto melhor se dorme, menor a chance de desenvolver a condição no futuro.
Nesse sentido, o uso de remédios para dormir poderia ajudar a combater o Alzheimer? Um novo estudo da Universidade de Washington em St. Louis encontrou algumas evidências de que talvez, sim. O artigo foi publicado na revista Annals of Neurology .
Remédio para dormir pode reduzir toxinas do Alzheimer
- Durante duas noites, a equipe de pesquisadores acompanhou o sono de um grupo de 38 participantes com idades entre 45 e 65 anos.
- Parte deles tomou uma dose de suvorexant, medicamento utilizado no tratamento de insônia, e a outra parte tomou um placebo.
- Durante o período de sono, foram medidos os níveis das proteínas beta-amiloide e tau, que se acumulam no cérebro e causam danos aos neurônios, levando ao Alzheimer.
- A concentração de beta-amiloide caiu entre 10% e 20% no grupo de pessoas que tomou o suvorexant.
- Uma dose maior do remédio também reduziu os níveis de uma forma de tau que forma emaranhados que geram morte celular. No entanto, a concentração voltou a aumentar após 24 horas da ingestão.
Um caminho que precisa ser seguido com cautela
Apesar dos resultados do pequeno estudo indicarem que o uso de remédios para dormir possa ajudar a combater o Alzheimer, é preciso ter cautela. O neurologista Brendan Lucey, que liderou o estudo, alerta que não é recomendável começar a usar esses medicamentos como prevenção para o Alzheimer sem mais pesquisas.
Além disso, a ciência ainda não compreende totalmente os mecanismos por trás do Alzheimer. A principal causa associada é o acúmulo de proteínas anormais no cérebro, mas esse conceito tem sido questionado após anos de pesquisa sem resultados definitivos em medicamentos ou terapias eficazes. Portanto, o uso de pílulas para dormir como prevenção para o Alzheimer é incerto.
Estou esperançoso de que, eventualmente, desenvolveremos medicamentos que aproveitem a ligação entre sono e Alzheimer para prevenir o declínio cognitivo. Mas ainda não chegamos lá.
Brendan Lucey para WashU Medicine
Em resumo, no momento, o mais sensato é focar em melhorar a qualidade do sono para manter a saúde do cérebro de outras maneiras.
Por Nayra Teles
Redator(a) / Fonte: Olhar Digital