O governo brasileiro ainda não observou um volume significativo de importação de arroz após a decisão de zerar a tarifa de importação para até 400 mil toneladas do produto. A cota começou a valer em 11 de setembro como reação da equipe econômica ao preço do arroz ao consumidor, que já subiu 19,25% no acumulado do ano até agosto.
“Ainda não observamos operação de importação em volumes significativos decorrentes da cota”, disse o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão
No mês de setembro, as importações de arroz com casca somaram US$ 16,3 milhões, uma alta de 1.295% em relação à média diária observada em igual mês de 2019. Em quantidade, foram 51,2 mil toneladas, 1.060% a mais na mesma base de comparação.
Segundo Brandão, os dados mostram que esse crescimento expressivo veio de uma aquisição de 51 mil toneladas de arroz com casca oriundos do Paraguai, que não está sujeito a tarifa de importação – o país é parte do Mercosul.
No arroz sem casca, as importações somaram US$ 30,9 milhões, alta de 55% em relação a setembro de 2019. Em quantidade, foram 73,8 mil toneladas, alta de 21%. O subsecretário ressaltou ainda que o comportamento do arroz na pauta de importações brasileira é volátil e a base de comparação (setembro do ano passado) é baixa.
No início do mês, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) zerou a tarifa de importação de arroz para uma cota de até 400 mil toneladas até o fim do ano. A isenção vale tanto para o arroz com casca quanto para o sem casca. Normalmente, a alíquota de importação de arroz para países fora do Mercosul é de 12%.
O produto tem pouca importação no Brasil, e a ideia do governo era justamente tirar a taxa para que aumente a compra enquanto os preços internos estão elevados. O assunto chegou a ser levado para uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro.
Bolsonaro também foi questionado por uma apoiadora no dia 19 sobre a alta do preço do arroz. “Presidente, não esquece o arroz”, disse uma mulher na Praça dos Três Poderes, onde o chefe do Executivo parou na ocasião para cumprimentar pessoas e tirar fotos, sem máscara.
“O arroz tá muito caro, Bolsonaro”, completou a apoiadora, que não se identificou. “Se os problemas do Brasil… é só o arroz, tá resolvido”, respondeu o presidente fazendo sinal de “joia”, sem dar mais detalhes.