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O dólar operava em forte alta nesta quinta-feira (10/7), com o mercado financeiro em estado de alerta, repercutindo o tarifaço comercial anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre todos os produtos importados do Brasil.
No cenário doméstico, as atenções dos investidores se voltam para os novos dados de inflação, referentes ao mês de junho, divulgados nesta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dólar
- Às 9h16, a moeda norte-americana avançava 2,1% e era negociada a R$ 5,619.
- Na véspera, ainda antes do anúncio das tarifas de Trump sobre os produtos brasileiros, o dólar fechou em forte alta de 1,06%, cotado a R$ 5,503.
- Com o resultado, a moeda norte-americana acumula ganhos de 1,28% em julho e perdas de 10,82% frente ao real em 2025.
Ibovespa
- As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
- No dia anterior, o indicador terminou o pregão em queda de 1,31%, aos 137,4 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula perdas de 0,98% no mês e ganhos de 14,53% no ano.
Tarifaço de 50% sobre o Brasil
Caiu como uma bomba no governo brasileiro – e também no mercado financeiro – a decisão do governo do presidente norte-americano Donald Trump de taxar em 50% todos os produtos exportados pelo Brasil para os EUA.
A taxa entra em vigor a partir de 1º de agosto e será cobrada separadamente de tarifas setoriais, como as que atingem o aço e o alumínio brasileiros.
Em abril deste ano, o Brasil já havia sido atingido pelo tarifaço de Trump e teve seus produtos tarifados em 10%. Além disso, as taxas norte-americanas de 50% sobre aço e alumínio também afetaram o país.
De acordo com Trump, a decisão de aumentar as tarifas contra o Brasil acontece após “ataques insidiosos” contra eleições livres no país. Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Trump voltou a criticar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de tentativa de golpe de Estado em 2022.
Trump tem ameaçado o mundo com a imposição de tarifas comerciais desde o início do mandato e tem dado atenção especial ao grupo do Brics e ao Brasil. O presidente norte-americano chegou a ameaçar taxas de 100% aos países-membros do bloco que não se curvassem aos “interesses comerciais dos EUA”.
Após sair em defesa de Bolsonaro, Trump ameaçou aumentar as tarifas sobre exportações brasileiras. Nessa quarta-feira (9/7), o líder norte-americano alegou que o Brasil não está “sendo bom” para os EUA.
Repercussão no mercado
“O mercado consumidor americano é o maior do mundo e deixar de vender para o maior mercado consumidor do mundo é bem ruim. A expectativa é que a gente exporte menos. Consequentemente, o nosso PIB pode ser menor”, avalia Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital. “Outra grande preocupação em um cenário como esse é em relação ao dólar, que vai subir. Isso pode ser traduzido em mais inflação. Juros futuros sobem também. E hoje certamente será um dia de bolsa para baixo.”
Para Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, a nova estratégia de Trump “tem tudo para elevar a incerteza sobre o cenário econômico, com o consequente aumento da volatilidade nos mercados”.
“Dado o histórico, no entanto, analistas e agentes econômicos deverão especular sobre a credibilidade dessas novas medidas. Será que desta vez será para valer ou é mais uma cartada para incentivar negociações que até o momento ficaram restritas a poucos países?”, questiona Igliori.
“No Brasil, dólar e juros futuros dispararam, enquanto as bolsas reagiram negativamente. Cenários com aumento de inflação e perda de atividade devem voltar ao radar mas, de qualquer forma, o modo do compasso de espera deve permanecer ativado por mais um tempo.”
Inflação no Brasil
No cenário doméstico, o principal destaque desta quinta-feira é a divulgação dos dados oficiais de inflação no Brasil em junho, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Os preços de bens e serviços do país avançaram 0,24% em junho – o que representa um recuo de 0,02 ponto percentual em comparação a maio (0,26%). Em 12 meses até junho, a inflação acumula alta de 5,35%, confirmando o estouro da meta em 2025.
A meta para 2025 é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual, com piso de 1,5% e teto de 4,5%, conforme estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Ela será considerada cumprida se oscilar dentro desse intervalo de tolerância.
É a primeira vez que a meta será descumprida no novo regime, que utiliza o acumulado de 12 meses, chamado de meta contínua. Se o acumulado ficar acima do fixado por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.
Com o descumprimento da meta, o Banco Central (BC) divulgará uma carta aberta ao titular da Fazenda e presidente do Conselho Monetário Nacional, o ministro Fernando Haddad (PT).
No texto, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, terá de expor as razões para o estouro. Isso porque o BC é responsável pelo controle da inflação, por meio da taxa de juros, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) a cada 45 dias.
Fonte: Metrópoles
Fonte Diário Brasil