Em meio às medidas para mitigar a crise causada pela covid-19, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou ontem a criação de uma linha de crédito para financiar a cadeia de fornecedores de grandes empresas, que funcionarão como “âncoras” das operações. A linha terá orçamento inicial de R$ 2 bilhões, e as empresas do varejo deverão ser as primeiras a tomar os empréstimos.

Pelo modelo, que foi usado pela primeira vez pelo BNDES numa operação com a rede O Boticário, em 2013, a empresa “âncora” toma o empréstimo e repassa o financiamento a seus fornecedores, a maioria firmas de menor porte. A linha é uma estratégia para fazer o crédito chegar às médias, pequenas e microempresas, justamente as que têm maior dificuldade de conseguir empréstimos em momentos de crise.

Do ponto de vista das “empresas-âncora”, a medida evita a perda de fornecedores – mantendo o fôlego financeiro dessas empresas para quando a economia reagir – e atua contra atrasos de pagamentos ou de entregas na cadeia.

Do ponto de vista dos fornecedores, é uma oportunidade de conseguir financiamentos em condições vantajosas – como o tomador do empréstimo é a grande empresa, que tem risco menor, os juros tendem a ser menores. As altas taxas dos bancos têm sido citadas por pequenos empresários como uma das dificuldades para enfrentar a crise.

Nesta nova fase do programa, as redes Renner e Marisa já mantiveram contato com o BNDES, disse uma fonte que pediu para não se identificar. Procuradas, as empresas não confirmaram a intenção até o encerramento desta edição.

Condições / Segundo o banco, as condições da linha aprovada ontem incluem prazo de até cinco anos para pagamento, com carência de até dois anos, e juros que usam a taxa Selic (taxa básica do Banco Central) como referência, acrescidos de taxa de 1,1% ao ano de remuneração ao BNDES e mais uma taxa de risco que varia conforme o “rating” da “empresa-âncora”.

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BNDES aprova R$ 2 bi em socorro a fornecedores