O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, demonstrou o interesse em continuar com uma participação nos ativos de energia nuclear após a privatização da companhia, cujo projeto de lei está em tramitação no Congresso Nacional. “Não tenha dúvida. A Eletronuclear era uma empresa que estava com muitas dificuldades e fizemos tudo o que tinha que ser feito para deixar a empresa na condição que está agora”, afirmou o executivo, que participou nesta sexta-feira do Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico (Enase), promovido pelo Canal Energia.

Como exemplo, o executivo citou que, há pouco mais de um mês, o conselho de administração da estatal federal capitalizou todas as dívidas que a Eletronuclear tinha com a Eletrobras. “As duas usinas, Angra 1 e 2, estão entre as dez nucleares com maior nível de disponibilidade no mundo nos últimos dois anos. Essas duas usinas produzem R$ 1,2 bilhão de Ebitda por ano”, afirmou Ferreira Junior. “Já é uma operação viável e, com Angra 3, fica extremamente viável”, acrescentou.

O grande desafio da Eletronuclear é a conclusão das obras de Angra 3, hoje paralisadas. Ferreira Junior lembrou que o Conselho de Administração da Eletrobras aprovou um programa de aceleração do caminho crítico, que prevê a conclusão das obras até 2026. “Estamos investindo em torno de R$ 3,5 bilhões nos próximos 18 meses e vamos chegar com 70% das obras concluídas, quando faremos uma licitação internacional de um EPC para concluir de forma definitiva a obra”, afirmou.

Segundo o executivo, a publicação da medida provisória (MP) nº 998/20, também em tramitação no Congresso Nacional, traz mais segurança jurídica para a construção de Angra 3. No que diz respeito à usina nuclear, a MP teve por finalidade possibilitar a estruturação financeira do empreendimento para a sua conclusão Entre as propostas contidas no texto estão a concessão de uma outorga de autorização para a usina, o estabelecimento de critérios para a definição do preço de energia, a assinatura de um novo contrato para a comercialização, a previsão de cláusulas de reajuste e revisão extraordinária, entre outros pontos.

“Angra 3 é uma obra possível, é uma obra viável e uma obra financiável”, reforçou Ferreira Junior. Em 2018, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) fixou em R$ 480/MWh o preço de referência da energia da usina. “Temos um enorme interesse em continuar esse projeto, que nós conseguimos resgatar. É uma fênix mesmo”, disse o executivo, em referência à ave mitológica que renasce das cinzas.

Recentemente, a Eletrobras anunciou, no âmbito do processo de capitalização, que a União deve comprar 25,5% do capital total da Eletronuclear, participação equivalente a 51% das ações ordinárias, assumindo o controle acionário da empresa – como a exploração da atividade nuclear é monopólio da União, a Eletrobras privatizada não poderia ter o controle acionário da Eletronuclear.

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Eletrobras tem interesse em permanecer nos ativos nucleares pós-privatização
The headquarters building of Centrais Eletricas Brasileiras S.A., the state-owned utility company known as Eletrobras, stands in Rio de Janeiro, Brazil, on Wednesday, July 29, 2015. Eletrobras, which accounts for more than a third of energy generation in Latin Americaís biggest economy, was plunged into the eight-month corruption scandal thatís roiled Brazilís financial markets and government on Tuesday when Federal Police arrested the former head of the utilityís nuclear unit, Eletronuclear. Photographer: Nadia Sussman/Bloomberg