Mesmo após o segundo mês consecutivo de deflação, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a alta dos preços dos alimentos – de 0,24% em maio, vindo de um aumento de 1,79% em abril – indica que as famílias mais pobres terão a renda ainda mais comprometida pela pandemia.

Quando os alimentos sobem em um momento de alta de salários, esse gasto acaba amortecido pelo ganho de renda. No cenário atual, no entanto, a perda de dinheiro das famílias, sobretudo para as de menor renda, é expressiva e a alta dos custos de alimentação pesam ainda mais.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as famílias mais pobres gastam cerca de 22% do orçamento com alimentação. E uma outra pesquisa, do Instituto Plano CDE, aponta que 50% das famílias das classes D e E, de baixa renda, perderam mais da metade da renda desde o início da crise causada pela pandemia do novo coronavírus.

Especialista em inflação, o economista da Universidade de São Paulo (USP) Heron do Carmo lembra que há um problema de oferta de alimentos, por conta do clima mais seco e muitos produtos estão sujeitos a choque de preços. Pelo IPCA, itens como frutas (-2,10%) tiveram queda de preços, mas houve altas de produtos, como cebola (30,08%), batata-inglesa (16,39%), feijão carioca (8,66%) e carnes (0,05%)

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Na crise, alimentação pesa ainda  mais para as famílias pobres