Prefeitos de várias cidades da região se reuniram na semana passada na cidade de Adamantina, para discutir a necessidade de flexibilização para reabertura do comércio. O encontro que ocorreu na última sexta-feira (17) foi organizado pela Associação dos Municípios da Nova Alta Paulista (AMNAP) após a decisão do governador João Doria de prorrogar a quarenta em todo o Estado de São Paulo até o próximo dia 10 de maio.
Além do prefeito de Tupã, Caio Aoqui, participaram da reunião o presidente da AMNAP, Edmar Mazucato, prefeito de Osvaldo Cruz, além dos prefeitos de Parapuã, Gilmar Martim Martins; de Mariápolis, Valdir Dantas de Figueiredo; de Adamantina, Márcio Cardim e de Bastos, Manoel Rosa.
O encontro contou ainda com a participação dos prefeitos de Sagres, Ricardo Rived Garcia; de Flórida Paulista, Wilson Froion, de Irapuru, Sílvio Ushijima; de Inúbia Paulista, João Soares dos Santos e de Tupi Paulista, Alexandre Tassoni Antônio.
Durante a reunião o prefeito Caio Aoqui, agradeceu ao presidente da AMNAP por realizar a reunião de emergência e falou da preocupação dos prefeitos com os impactos da quarentena sobre a economia dos municípios.
Ele também voltou a defender a necessidade de flexibilização ou abertura contingenciada dos estabelecimentos comerciais, que estão fechados desde o último dia 24 de março, devido ao decreto estadual 64.881/2020, que estabeleceu medidas restritivas em todo o Estado.
Caio também lembrou que devido aos prejuízos que a medida vem provocando nos setores econômicos dos municípios, os prefeitos já haviam se reunido no dia 27 de março, em Tupã. Na ocasião foi elaborado um manifesto endereçado ao governo estadual, com várias reivindicações com objetivo de minimizar os efeitos da pandemia sem comprometer o bem estar da população.
Além do manifesto, o prefeito de Tupã também participou de uma videoconferência com o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, cobrando maior apoio aos municípios durante o período de quarentena.
“Infelizmente o governo estadual não encaminhou nenhuma resposta concreta ao manifesto e às reivindicações apresentadas ao secretário de Desenvolvimento Regional. Com a prorrogação da quarentena estamos mais apreensivos com o impacto econômico que a medida pode causar aos municípios, já que o comércio é uma das bases da nossa economia”, lamentou.
Segundo Caio, da mesma forma que o governo estadual adotou uma diferenciação entre os recursos destinadas à capital paulista, que recebe R$ 12 por habitante, enquanto os municípios do interior recebem apenas R$ 4 por habitantes, é fundamental que as medidas restritivas ao comércio sejam adequadas à realidade de cada região.
“Da mesma forma que o governo estadual repassa mais recursos à capital devido à realidade mais crítica da doença, deveriam ser adotadas medidas mais flexíveis ao nosso comércio, que certamente enfrenta mais dificuldades que o setor comercial de grandes centros. Além disso, nas cidades da nossa região não temos casos tão expressivos de coronavírus como na capital, o que acabam tornando as medidas de combate à pandemia adotadas no estado excessivas e extremamente prejudiciais aos nossos comerciantes”, afirmou.
Para Caio, é necessário que o governo estadual reveja as medidas restritivas, concedendo autonomia aos municípios para regulamentar a reabertura do comércio, mediante adoção de todos os cuidados para evitar a propagação do COVID-19 e garantir a saúde da população.
“A nossa realidade é totalmente diferente da capital e dos grandes centros, onde o comércio realmente representa um setor de grande aglomeração de pessoas. As medidas iniciais foram importantes para evitar uma disseminação maior da doença, mas nosso comércio está chegando ao limite e para garantir sua sobrevivência é necessário que essas restrições sejam revistas o mais rápido possível. Acredito que a gente consegue fazer um controle muito melhor e mais de acordo com a nossa realidade”, defendeu.
Ele destacou também que uma eventual flexibilização do comércio seria acatada com seriedade e responsabilidade pelos comerciantes, que já se comprometeram a adotar todas as medidas necessárias contra o coronavírus.
“O que queremos, é a flexibilização do comércio. Mas uma flexibilização com responsabilidade, que é o que nós temos defendido desde o início. Ou seja, o comércio poderia retomar as atividades, mas com todas as precauções necessárias, como número máximo de pessoas dentro dos estabelecimentos, obrigatoriedade de manter todos os funcionários com máscara e de disponibilizar álcool gel, entre outras”.
Caio também demonstrou grande preocupação com a situação dos comerciantes com a obrigatoriedade de manter os estabelecimentos fechados por mais três semanas. “O governo do estado está agindo com o extremismo muito grande. O comércio já está fechado há praticamente um mês e manter essa medida por mais 3 semanas tornará a situação ainda mais insustentável do que já está sendo. Não queremos desobedecer ao governo do estado, mas temos que ver todos os lados. Tem a questão da saúde, que todo mundo frisa que é importante e que nos preocupa. Mas também temos que ver a questão de economia. Não podemos simplesmente virar as costas e deixar de lado porque isso também vai gerar um problema de segurança. Logo vamos começar a verificar aumento nos índices de criminalidade, com aumento dos casos de furto e assalto,e isso não queremos”, ressaltou.
O prefeito tupãense finalizou defendo a importância da mobilização e união dos prefeitos para mostrar ao governo estadual a situação desesperadora dos município. “Não podemos cruzar os braços, nós temos que ser solidários para com nossa população com relação à questão econômica. Por isso acho que temos que agir em conjunto para poder convencer o governo estadual a rever as medidas e assim poder proteger a população”, concluiu.
Ao final da reunião todos os prefeitos assinaram ofício endereçado ao governador, reiterando oficialmente o pedido de flexibilização do comércio e abrandamento das atuais medidas de combate à pandemia para o interior paulista.